7 de agosto de 2017

Phoenix lança ‘Ti Amo’, vem ao Brasil e diz: ‘Após atentados, queremos levar amor às pessoas’

Itaici Brunetti
Atualizado em 7/06/2017

phoenix-1200-press
(Foto: divulgação/ Antoine Wagner Studio)

leia mais

Pelo telefone, Christian Mazzalai, guitarrista da banda francesa Phoenix, conversou com o Virgula e demonstrou estar passando por um momento de alegria e preocupação ao mesmo tempo. A parte empolgante é que o tão aguardado novo álbum, de nome Ti Amo, será lançado mundialmente nesta sexta, 9, e também porque foi anunciado que o grupo vem ao Brasil como atração principal do Popload Festival 2017, em 15 de novembro. A tensa é que após os recentes atentados em Manchester e Londres, e em Paris em 2015, os europeus andam com medo.
Quando aconteceu o ataque ao Bataclan, todos nós ficamos muito assustados. Então, pensamos em fazer um álbum pra cima, que possa levar amor às pessoas“, fala Mazzalai. “Queremos que as nossas músicas sejam um tipo de caminho, de viagem, para que as pessoas possam procurar e se sentirem encorajadas com a vida, perdendo o medo de que algum outro ataque possa acontecer a qualquer momentoSabe, a música é uma das coisas mais bonitas que temos e precisamos usá-la. Espero que possamos inspirar as pessoas a seguirem com suas vidas normalmente“, diz ele sobre um dos porquês do título significar “te amo” em italiano. O outro é porque estão sempre apaixonados, revela.
Sobre a sonoridade do álbum, o guitarrista adianta um pouco do que os fãs podem esperar: “Usamos bastante sintetizadores e também alguns instrumentos acústicos. Pra mim, é o álbum mais complexo que fizemos, mas continuamos soando como Phoenix: a minha guitarra está lá, a voz de Thomas Mars está lá. É um disco sincero“.
Quando o assunto muda para Brasil, o músico francês eleva o tom e se mostra empolgado em poder voltar ao país: “Esta turnê está sendo única. Estamos fazendo um setlist especial. Tem bastante músicas de Ti Amo, tem as conhecidas e também umas que não costumávamos tocar. Estamos com uma configuração de luzes no palco que eu gosto bastante. Pretendemos levar o mesmo show ao Brasil. Vocês vão se divertir“, e relembra: “Da última vez que estivemos em São Paulo, tocamos no Lollapalooza, o show foi enorme e depois fomos a um clube curtir. O Julian Casablancas [dos Strokes] estava lá e ele foi bem legal com a gente. Foi incrível, um dia perfeito no Brasil“.
Para quem está habituado com os shows do Phoenix, sabe que o vocalista Thomas Mars, mesmo com a postura quase estática no palco, tem a mania de se jogar na plateia e ‘nadar’ sob às pessoas em determinado momento da apresentação, levando o público à loucura. Porém, Mazzalai conta que não é bem assim que funciona: “Isso não acontece sempre. Não fazemos planos. É uma coisa da cabeça do Thomas; se o show estiver fantástico ele se joga na plateia. Se isso já aconteceu no Brasil é porque o show estava incrível”. Quem viu, confirma: estava mesmo.
Phoenix TI Amo Art
(Foto: reprodução)

Projota: ‘Se hoje for para escolher em quem votar prefiro dar um tiro na cabeça’

Itaici Brunetti
Atualizado em 7/08/2017

Projota 4
(Foto: divulgação) Projota

leia mais

Estamos vivendo uma geração muito quieta, muito tranquila, e não pode ser assim. Geração que não se rebela é geração perdida. O único jeito hoje é meter o louco“, diz Projota em exclusiva ao Virgula. O rapper, que é um dos maiores do Brasil (só no Facebook ele tem mais seguidores que Criolo e Emicida juntos), está lançando o álbum A Milenar Arte de Meter o Louco em que se deixa revelar o lado rebelde e explosivo. “A música ‘Rebeldia’ fala justamente sobre isso, sobre a situação em que vivemos. Se você me colocar na frente da urna hoje e pedir para eu votar em um candidato ou no outro eu prefiro dar um tiro na cabeça, porque não consigo escolher“, diz indignado.
Mas, o que seria ‘meter o louco’? “É o que Jesus fez. Ninguém na humanidade meteu mais o louco do que ele“, explica Projota, e continua: “Todo mundo que precisou fazer grandes coisas, impossíveis ou que as pessoas não acreditavam, precisou meter o louco. Moisés, Martin Luther King, Nelson Mandela, Madre Teresa, Joana d’Arc, Mano Brown, Cazuza, todos esses meteram o louco e eu sou um discípulo dessa arte. Por isso o título”. 
Seu segundo álbum de estúdio por uma grande gravadora, a Universal Music, chega após uma fase difícil em que o rapper se viu em depressão e precisou domar a sua ‘loucura’ segundo ele mesmo para sair dessa. “Fiz a música ‘Segura seu B.O’ (que tem participação de Rashid) para falar disso. É sobre essa minha fase de depressão em que passei por um momento confuso. Tenho uma alegria de ter conseguido sair disso bem“, diz em tom de gratidão. “Sabe, todo artista é louco e é difícil ter um louco que não vai chegar nisso. Na real todo mundo é um pouco louco, mas os artistas vivem em uma outra frequência, a cabeça é diferente, e isso promove uma dificuldade maior de lidar com essa loucura, principalmente o compositor. Compor me ajuda a domar essa loucura“, fala ele com voz tremida quando o assunto envolve o suicídio de Chester Bennington, que mesmo sendo quem era não conseguiu lidar com essa pressão, essa loucura. “Pra mim, Linkin Park é a banda mais foda da vida toda. Sou super fã. Mexeu muito comigo o jeito que o Chester partiu“.
Porém, AMADMOL (abreviação do título do álbum) não trata apenas de loucura. Em canções como Oh Meu DeusMulher Feita e Linda (em que faz dueto com Anavitória) o clima tenso é deixado de lado e passa a ser sobre amor e admiração pelas mulheres, assunto que o rapper entende e escreve muito bem. “Pra mim a maior intérprete que existe é Elis Regina, e a música mais linda do mundo é ‘Como Nossos Pais’, do Belchior, cantada por ela. Começa daí, você ter uma referência feminina na arte faz toda a diferença, e eu tenho várias“, fala sobre a figura feminina sempre fazer parte de sua obra, e explica: “Por exemplo, ter a Karol Conká (que canta na música Mais Like) como representante do rap, da música, da moda, da arte, dos negros, e das mulheres é importantíssimo para as outras meninas que vão vir, e até para os homens, que é o meu caso, que vão ter ela como inspiração. A mulher não representa só a mulher, ela representa os homens também. Mulher é a representação de tudo“.
Para o álbum, Projota também resolveu dar um presente aos fãs e regravou a música Muleque de Vila, que até o momento não existia em versão de estúdio, apenas ao vivo registrada no álbum 3F’s, e que mesmo assim é a terceira mais vista em seu canal do Youtube, atingindo 60 milhões de views. Na letra, ele rima “Aprendi a fazer freestyle no busão. Hoje é o mesmo freestyle, só que a gente faz no fundo do avião“, sobre a sua ascenção musical e de classe social. “Aquela humildade besta está ficando de lado, sabe? Se todo mundo ficar abraçado na lama não vai adiantar nada. A gente tem que torcer pra cada um subir de nível na vida, para que isso se torne natural, porque o natural ainda é o pobre ser pobre e o rico ser rico. Quando um pobre se torna rico as pessoas ficam tipo ‘nossa’, chocadas, e não pode ser assim. A gente tem que acreditar no crescimento“, diz ele direto de um badalado bar na Rua Oscar Freire, em São Paulo, local da entrevista. “Sabe, se você é negro e vive na periferia tem que acreditar em si mesmo para crescer, e além de tudo tem que ter marra. Se você não tiver essa marra o mundo te pisoteia”.
Hoje, aos 31 anos, José Tiago Sabino Pereira, o Projota, possui milhões de discos vendidos e um número absurdo de visualizações em seus vídeos, além de lotar casas de shows e transitar com louvor entre o público do rap, reggae, pop, funk, rock e até sertanejo. Tal conquista pode ser compreendida por um outro MC que também veio das quebradas, ultrapassou barreiras musicais e invadiu classes sociais: Mano Brown, dos Racionais MC’s, que faz o prefácio do álbum. Assim que você dá o play, o nego drama mais respeitado do país traduz a mensagem: “Imagina em 88, 87, o descabelo era total mesmo. Não tinha nem sonho, mano. Sonhar com o que? Nós vinha do Capão pra ir na Paulista olhar um tênis na vitrine…E agora? O bagulho tá maior. Tocando em todos os carros, todos os bagulhos. E agora?“.
O bagulho tá maior.
Projota - A Milenar Arte De Meter O Louco
(Foto: divulgação) Capa de ‘A Milenar Arte de Meter o Louco’

1 de agosto de 2017

‘Será uma noite especial’, diz Ian Astbury, do The Cult, sobre tocar com The Who em São Paulo

Itaici Brunetti
Atualizado em 1/08/2017

CULT_2016_Tim_Cadiente
(Foto: divulgação/Tim Cadiente)

leia mais

A voz que atende o telefone é inconfundível: a mesma grave e potente que canta hinos do rock oitentista como She Sells SanctuaryRevolution, Edie e Fire Woman, do The Cult. De fala mansa, como se estivesse relaxado em sua poltrona preferida, o vocalista Ian Astbury conversou com o Virgula e contou como estão os preparativos para a turnê sul-americana da banda, que acontece em setembro: “Tenho saudade de muitas coisas do Brasil, principalmente das pessoas, que são apaixonadas por música. Eu amo o público brasileiro e sinto que temos uma conexão de verdade“. O grupo se apresenta dia 17 no Opinião, em Porto Alegre, 19 no Live Curitiba, em Curitiba, 21 no Allianz Parque, em São Paulo, e termina o giro nacional dia 23 no Net Live Brasília, em Brasília.
Na capital paulista, o The Cult fará parte do mega evento São Paulo Trip, e na mesma noite se juntará a Alter Bridge e The Who, grupos que tocam pela primeira vez no Brasil. “The Who é uma das bandas mais icônicas do rock n’ roll. Eu sou fã e será uma honra tocar com eles“, diz Astbury com o tom de voz mais elevado, e continua: “Pete Townshend é um dos mais brilhantes guitarristas que existe. Ele tem uma luz própria e uma agressividade única na música. Ele ensinou muito a nós. O rock britânico não seria o que foi sem ele“, e emenda: “Estou realmente empolgado para tocar neste festival. Será uma noite especial“.
O The Cult vem ao país para divulgar Hidden City, o décimo álbum de estúdio, lançado em 2016, e o cantor comenta sobre o trabalho: “Nós tentamos fazer um disco que soasse como os do passado, mas com uma textura diferente, um som mais atual, usando teclados e fazendo ambientações“. Sobre o método de composição, conta que foi basicamente da mesma maneira que sempre trabalharam:. “Billy Duffy (guitarrista) chega com algumas ideias no estúdio, depois eu implanto as minhas ideias. É isso! Posso dizer que é um disco atual do The Cult, mas remetendo àquele The Cult clássico“.
Aos 55 anos de idade, Astbury, ao contrário de muitos outros vocalistas, não se sente inseguro com a voz por causa da idade. Segundo ele, se garante no palco! “Pra mim, cantar não é um problema. Sinto que a minha voz está mais forte do que nunca e estou cantando melhor do que em várias épocas da banda“, afirma. “Óbvio que tenho que tomar mais cuidado hoje em dia. Mas, sou um instrumentista e a voz é igual a um instrumento, a uma guitarra, por exemplo. O guitarrista precisa estar sempre treinando para se manter em forma. Com a voz é a mesma coisa, o vocalista precisa sempre estar em atividade. E, uma coisa depende da outra: se a minha voz não está boa nos shows, então a guitarra também não estará, e vice-versa. Por isso, eu, Duffy, e os outros músicos estamos sempre nos preocupando em nos manter em forma“.
19756575_10154848539726985_2020807843018498271_n
(Foto: reprodução/Facebook)
Sobre a passagem pelo Brasil, Astbury resmunga que não conseguirá aproveitar o país fazendo turismo como gostaria: “Eu não vou ter tempo livre dessa vez (risos). Se não estarei no palco, estarei viajando ou tentando dormir no hotel para poder descansar e fazer um bom show. O nosso objetivo é realizar grandes shows e se os fizermos ele será alcançadoClaro que, vou aproveitar para comer a comida deliciosa, mas para passeio acho que não vou conseguir. É triste, porque o Brasil é um país lindo“.
Antes de encerrar o papo, Astbury pede para enviar uma breve e direta mensagem aos fãs brasileiros: “Continuem rock n’ roll!“.
18033886_1843764962540477_751961398929136560_n