27 de junho de 2016


Amigos de brasileiros, Helio Sequence toca em SP e diz: ‘Será experiência espiritual”

Itaici Brunetti
Atualizado em 11/05/2016

The Helio Sequence
(Foto: William Anthony) Helio Sequence

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Se você fechar os olhos durante o show do The Helio Sequence, nem vai perceber que o palco é ocupado por dois músicos apenas, pois a  sensação é de mais integrantes na banda. Assim é definida a apresentação do duo de Portland, que toca nesta quinta, 12, no Sesc Pompeia, em São Paulo. “Fazemos mais com menos, criando um monte de som com apenas duas pessoas. Nós sempre utilizamos sequenciadores e guitarra com várias camadas para criar algo maior do que o som “duo” ao vivo. O que fazemos nos completa de tal forma que não sentimos a necessidade de adicionar outros músicos”, conta o guitarrista e vocalista Brandon Summers em papo com o Virgula.
Com seis discos lançados (sendo os quatro últimos pela gravadora ícone do indie americano Sub Pop), o The Helio Sequence pisa pela primeira vez no Brasil e se mostra empolgado: “Nosso show será alto, melódico, emocionante, honesto e catártico. Será uma experiência espiritual transcendental, dependendo do quanto você tomar antes do show. Esperamos encontrar o inesperado e alguns ‘parças’ amantes de música”, diz Brandon.
Mas, a ligação da banda com o Brasil já existe, e dois desses parças são Eduardo Praça e Thiago Klein, da banda paulistanaQuarto Negro, que também toca nesta quinta. “O Quarto Negro nos procurou pelo Facebook. No início eu duvidei da possibilidade de trabalharmos juntos porque o Brasil parecia logisticamente muito longe. Mas eles são muito dedicados e profissionais, e vieram até Portland para nos encontrar e conhecer o nosso estúdio. Nós amamos as suas demos e imediatamente começamos a gravar juntos”, conta Brandon, e continua: “Trabalhar com eles foi ótimo, pois são um duo, então houve uma compreensão do processo criativo entre duas pessoas. A dinâmica do Quarto Negro e Helio Sequence trabalhando juntos foi um ‘double duo'”.
Quarto Negro
(Foto: Divulgação) Quarto Negro
Ainda sobre os amigos brasucas, o guitarrista guarda ótimas recordações e conta que se sentiu inspirado: “Eduardo e Thiago são muito abertos em seu processo criativo. Estão sempre prontos para novas ideias e para receber conselhos sobre composição e desempenho, especialmente por aceitarem a trabalhar com outros músicos. Eles trouxeram muitos instrumentistas de Portland para trabalhar no álbum Amor Violento. O Quarto Negro se tornou um tipo de elemento que uniu a cena musical da cidade, porque eles vieram de fora e saíram com todas a bandas. Até o final da gravação praticamente qualquer banda em Portland se relacionou com eles e ‘sabiam quem eram os brasileiros, e os adoraram’. Ah, eles também nos inspiraram com sua bravura criativa”.
E quem diria que Brandon é amante de jazz tupiniquim e bossa nova das antigas? “A maioria do meu conhecimento sobre música brasileira está centrada em torno de jazz dos anos 50, 60 e 70. Eu gosto de coisas velhas de Laurindo Almeida, João Gilberto, Antonio Carlos Jobim, Bola Sete, Nana Vasconcelos e outros. Ocean, do Bola Sete, é uma das minhas favoritas. Eu também gosto muito dos Mutantes e Caetano Veloso. Boogarins são ótimos, e Quarto Negro também. Eu não diria que tenho um amplo conhecimento de música brasileira, mas pelo que conheço amo o ritmo e a língua portuguesa.”
O Helio Sequence também é formado por Benjamin Weikel (bateria e programações). Já o Quarto Negro conta com um integrante a mais no palco, Gabriel Soares, na bateria.

20 de junho de 2016

Wiz Khalifa ouviu Baile de Favela e disse: “Quero estar nessa festa”

Itaici Brunetti
Atualizado em 26/01/2016

WizKhalifa
Divulgação
Wiz Khalifa já está com as malas prontas para o Brasil. O rapper americano, que iniciou sua carreira aos 16 anos e é a encarnação viva da ostentação, se apresenta dia 31 (domingo) em São Paulo, no Espaço das Américas. Mas, antes ele trocou uma ideia com o Virgula pelo telefone para falar sobre a vinda ao país e também sobre seu sucesso. Para quem não sabe, o astro finalizou 2015 comemorando muito: a canção See You Again, em parceria com Charlie Puth, é trilha sonora do filme Velozes e Furiosos 7 e foi o clipe mais visto do ano no Youtube, atingindo a marca de 1,3 bilhão de plays.
“Minha inspiração para See You Again foi uma combinação de emoção com situações minhas e de outras pessoas que estão conectadas a mim. Eu e Charlie trabalhamos duro para chegarmos nesse resultado, mas não esperávamos que a música fosse obter tanto sucesso. Foi uma surpresa pra gente”, comemora Wiz.
Sobre seu contato com o elenco de Velozes e Furiosos, ele relembra: “Já encontrei com alguns atores  do filme e são uns caras bem legais. Infelizmente não conheci Paul Walker, mas consigo entender a dor dos seus irmãos.”, lamenta ele sobre o ator, que morreu em 2013, e que no filme fez a sua última aparição no cinema.
De música brasileira o rapper mostrou estar um tanto por fora: “Não conheço muito, mas gostaria de saber o que rola por aí”. Então, a gente fez questão de inteirá-lo e o colocou para ouvir a música mais cantada do momento: Baile de Favela, do Mc João: “Gostei. Parece música de festa, daquelas bem quentes. Não entendo o que estão cantando, mas quero estar nela”, comentou o astro.
Sobre o show em SP ele garante que o bicho vai pegar: “Com certeza vai rolar muita energia e good vibe. Você sabe, eu faço meus shows para abrir a mente das pessoas. Uso a minha música como uma ferramenta pra isso. Se for definir em uma palavra: diversão”.
“Wiz, e se você decidir fazer uma tatuagem no Brasil, qual seria?: “Hum…Não pode ser nenhuma tatuagem triste. Talvez uma bem colorida. É o Brasil”, finaliza ele.

‘Parece que estou lançando meu 1º álbum’, diz Fernanda Abreu após anos sem inéditas

Itaici Brunetti
Atualizado em 20/06/2016

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(Foto: divulgação) Fernanda Abreu

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Foi em uma fria São Paulo, bem diferente do Rio 40 graus, que a carioca Fernanda Abreu bateu um papo com o Virgula para falar sobre seu novo álbum, Amor Geral. “Parece que estou lançando meu primeiro disco”, conta empolgada, que, para quem não sabe, ficou 12 anos sem lançar um trabalho de inéditas.
Nesse tempo afastada do show business, a cantora passou por momentos pessoais bastante difíceis; separação de um casamento de 27 anos, processo de luto de sua mãe, e ficou perdida com as mudanças do mercado musical. Mas, superado tudo isso, a ‘garota sangue bom’ encontrou inspiração novamente: “Nesse álbum eu consegui manter um equilíbrio entre a Fernanda do passado, aquela do começo da minha carreira solo, e a atual. Eu me inspirei em minha vida, e no mundo à minha volta. No final consegui um resultado que busca a minha essência, mas traz algo novo dentro da linguagem pop”.
E, esse novo tem a ver com mudança. “Sempre vamos se transformando. É importante para o artista se desafiar e mostrar algo de novo”, diz Fernanda sobre o direcionamento pop e eletrônico do disco. “Sou contemporânea. Fico muito ligada nas coisas que estão saindo. Ouço DrakeKendrick Lamar, The Weeknd. Aqui do Brasil tem o LinikerRico DalasamJalooDuda Brack, etc. E tem outra, de uns sete anos pra cá percebi uma presença do subgrave, a chegada do trap. Conheci alguns DJs e produtores (Tuto Ferraz e Sérgio Santos), e fui aos estúdios deles para ver como estavam fazendo a parada. Então comecei a pegar o que achava que tem a ver com o meu som”, explica.
Outro sim, primeiro single e primeira faixa do álbum, é um exemplo de como essas batidas e o subgrave explorados batem forte nas caixas de som. “Eu e Vladimir Gasper (nome artístico de Pedro Bernardes) produzimos a faixa, que ficou com uma pegada bem eletrônica e moderna. O rapaz é um gênio”, elogia Fernanda.
Outro mega DJ e produtor que participa do disco é o americano Afrika Bambaataa, que, segundo a cantora é o pai do funk carioca: “Encontrei com ele e falei: ‘Olha, eu tenho uma música chamada Tambor, que é uma homenagem ao batuque mais primordial e que tem a ver com o funk carioca, e queria que você participasse dela, porque você é o pai do funk carioca. A sua música Planet Rock estourou no Rio de Janeiro de uma forma estrondosa, e foi a música mãe do funk carioca. Daí ele aceitou'”, celebra a cantora, com ar de ter conseguido realizar um sonho. “Ensinei para ele palavras como ‘baile funk’ e ‘tambor’ em português. Ele foi para o estúdio, começou a costurar a música daquele jeito que só ele sabe e ficou genial”.
Fernanda Abreu retorna em um momento da música dominado praticamente por figuras femininas, como BeyoncéRihanna, etc, e ela mesma celebra essa posição: “O que está acontecendo com as mulheres no pop é fantástico! Cada vez mais as mulheres se colocam de maneira forte, com pulso forte, libertário e de liberdade”, e emenda: “Porque você sabe, a gente vive em uma realidade cruel de desrespeito e violência contra a mulher. Tudo isso vem unindo e fortalecendo as mulheres, e também os homens que se revoltam com essa situação, pois o mundo está totalmente ligado com a arte”.
E no que sua música ajuda a lutar contra as vozes conservadoras que vão contra os direitos das mulheres, aborto, negros e diversidade sexual? “Meu discurso é muito verdadeiro. Não quero impor nada a ninguém. Acho que é necessário discutirmos assuntos como a legalização de drogas, aborto, homofobia, racismo e direito das mulheres. São pautas que estão aí quicando no mundo e o Brasil tem que se dar conta disso também. A humanidade precisa avançar. Nesse sentido, minha música não chega a ser panfletária, mas no pano de fundo, no discurso subliminar, ela vem com essa mensagem libertária”, finaliza Fernanda.
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16 de junho de 2016

"Minhas músicas são rápidas e barulhentas", diz ex-Smiths Johnny Marr

Itaici Brunetti
Atualizado em 10/06/2015

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(Crédito: divulgação)
Era uma tarde ensolarada de 2014, quando Johnny Marr, o ex-guitarrista da lendária banda The Smiths, empunhou sua guitarra e subiu ao palco da edição brasileira do festival Lollapalooza. Quem esteve lá, não vai esquecer nunca mais de quando o inglês intercalou canções de seu primeiro e ótimo álbum solo, The Messenger, com clássicos de sua antiga banda, como There Is A Light That Never Goes Out e How Soon Is Now, entre outras. Para deixar a ocasião mais especial, o baixista Andy Rourke se juntou a eles para uma música. O público saiu querendo mais.
Agora, para a alegria dos fãs, o guitarrista volta ao Brasil e traz canções de seu novo disco, Playland, ao palco do 19º Cultura Inglesa Festival, que vai rolar em 21 de junho, no Memorial da América Latina, em São Paulo, dentro da programação da Virada Cultural 2015.  No dia, ainda tocam a sensação teen irlandesa The Strypes e a paraense Gaby Amarantos, que vai fazer um tributo às divas britânicas. Assim como todos os anos, a entrada para o festival é gratuita.
Saiba da programação mensal e como garantir o seu ingresso para o show pelo site oficial do evento.
Para adiantar um pouco do que vem aí, o Virgula Música trocou algumas palavras em uma exclusiva com Johnny, que se mostrou bastante empolgado em estar voltando, dessa vez com status de atração principal. Ele falou da carreira solo e até relembrou esse show marcante de 2014. Pena que não se sente à vontade para falar sobre os Smiths, o negócio do cara é focar no futuro mesmo. Para frente e sempre!
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(Crédito: divulgação)
Virgula Música: Johnny, por que você demorou tanto tempo para lançar seus próprios álbuns solos?
Johnny Marr: Eu fui muito feliz estando em todas as bandas que toquei ao longo desses anos; The The, Electronic, Modest MouseThe Cribs. Eu estive ocupado com elas, e, em seguida, fiz algumas trilhas sonoras de filmes. Então, eu escrevi as músicas que eu queria e preferi não me juntar a outra banda. Foi o que aconteceu e no momento certo.
E o que está preparando para o show do Festival da Cultura Inglesa?
As novas músicas do meu trabalho solo são feitas para shows. Elas têm uma energia forte e andamentos rápidos, com guitarras barulhentas. A minha banda é muito, muito boa e nós amamos tocar ao vivo. Vai ser divertido.
Você tocou no Lollapalooza Brasil no ano passado. O que você lembra daquele dia?
Ah, estava muito quente. As pessoas em São Paulo foram muito acolhedoras e o público era enorme. Eu curti e sempre tive a intenção de retornar. Estou animado em voltar.
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(Crédito: reprodução/Facebook)
Recentemente você gravou I Feel You, do Depeche Mode. Por que escolheu essa música?
Eu gosto de tentar coisas diferentes em meus shows. Eu, junto da banda, já fizemos algumas versões bem legais de Lust For Life, do Iggy Pop, e I Fought The Law, do Clash. Eu sempre gostei de I Feel You e estava tocando ela no camarim. Nós tocamos ela uma vez em um show para se divertir e alguém colocou no Youtube. O vídeo ficou popular no canal, e, em seguida, fui convidado para fazer algo para o Record Store Day. Então achei uma boa oportunidade para mostrar algo incomum.
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Entrevista: Therapy? relembra show no Brasil e fala sobre disco ‘Infernal Love’

Itaici Brunetti
Atualizado em 10/01/2016

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Divulgação
Foi numa tarde chuvosa em Bremen, norte da Alemanha, que Andy Cairns, vocalista e guitarrista do Therapy? recebeu o Virgulapara um bate-papo. A banda irlandesa (que conta com o baixista Michael McKeegan e o baterista Neil Cooper no time) se apresentaria naquela noite na cidade para promover o seu mais recente álbum, o elogiado Disquiet, lançado em 2015.
Para quem não se lembra (ou não sabe), o trio teve um auge relâmpago de popularidade na década de noventa com o discoTroublegum, de 1994. O hit Nowhere bombava nas rádios rocks do Brasil, e eles até chegaram a tocar por aqui na segunda edição do festival Monsters of Rock, no mesmo dia em que Ozzy OsbourneAlice Cooper e Faith No More. Mas foi a única vez. Depois disso, a banda nunca mais conseguiu repetir o sucesso e precisou reduzir as expectativas, mas não a qualidade. Fortes, insistentes e com criatividade mil, eles não pararam nunca e continuam firme na batalha. Sobrevivendo com inteligência no underground.
Andy, que acaba de completar 50 anos, profissionalmente leva a vida como a de um músico jovem; fazendo show dia sim, dia não, sem parar, seja em festivais de médio/grande porte na Europa, ou em pequenos ‘inferninhos’ para poucas centenas de pessoas. Ele tem plena consciência de que a banda não possui a mesma fama de antes, mas nem por isso se abate e ainda agradece por estar fazendo música e conseguindo sobreviver disso. Na nossa conversa, ele também falou sobre Infernal Love, aquele disco de 1995 que, de tão obscuro e introspectivo, os fãs acabavam ouvindo nos fones de ouvido às 5h da manhã quando não estavam se sentindo bem, segundo palavras do próprio vocalista. Já sobre o Brasil, a saudade e a vontade em voltar é grande. Ele não perde a esperança de poder pisar mais vezes em nossas terras e até gravou um vídeo especial aos fãs brasileiros, que pode ser visto ao final da matéria.
Se é verdade que a década de noventa está voltando a ser moda, quem sabe o Therapy? não seja ouvido por mais gente novamente. Eles merecem, e batalham pra isso. Saiba mais:
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Virgula: Therapy? está com mais de 25 anos  de estrada. Você já realizou tudo o que queria com a banda?
Andy Cairns: Bem, quando começamos a banda em dezembro de 1989, nunca esperamos chegar onde estamos. Passamos por muitas gravadoras, visitamos vários países ao redor do mundo e tivemos algumas fases de sucesso, e outras nem tanto. O que pretendemos é continuar tocando porque amamos muito tudo isso. Se continuarmos fazendo isto, estará tudo bem pra nós.
Vocês estiveram no Brasil em 1995, tocando no Festival Monsters of Rock. O que você se lembra?
Oh, uma das minhas melhores lembranças desses 25 anos de banda foi um dia de folga que tivemos em São Paulo, e também quando fomos ao Rio de Janeiro passear de helicóptero para ver a cidade de cima. Já estivemos várias vezes na América do Norte, na Austrália, e nunca tinha visto pessoas jovens gritando como na América do Sul. O público dos shows foram incríveis. Algumas pessoas nem sabiam de onde vínhamos, mas nos passavam uma energia fantástica. Infelizmente foi tudo muito rápido, uma viagem de 5 dias e 3 shows na América do Sul. Gostaria de voltar um dia e fazer mais shows.
Como você define o novo álbum, Disquiet?
Neste álbum nós procuramos voltar no tempo e escrever da mesma forma como fazíamos nos discos clássicos do Therapy?, com riffs e melodias do Troublegum e High Anxiety, e a atmosfera de BabyteethSuicide Pact, You First e Crokeed Timber. Tentamos fazer um mix de todos eles. Acho que funcionou.
Por que vocês nunca mais fizeram um outro álbum como Infernal Love, que tem um clima dark, melancólico e mais pop?
A razão é porque quando fizemos Infernal Love estávamos em uma outra época, em uma situação psicológica e física totalmente diferente da que estamos hoje. Foi um dos piores anos da minha vida. Eu era outra pessoa; bebia muito, usava muitas drogas pesadas e também tínhamos outros membros na banda. Eu gosto muito das músicas e da gravação do álbum, mas acredito que cada trabalho do Therapy? represente a fase em que estamos no momento. Para o início de 2016 vamos fazer algumas apresentações na Inglaterra tocando o disco na íntegra, para comemorar o aniversários de 20 anos dele, e vou precisar relembrar algumas músicas. Será uma ótima forma de reviver esse trabalho, mas apenas no palco.
Você sente que Infernal Love foi um divisor de águas para o Therapy? Porque, antes dele, com o Troublegum vocês estavam no auge do sucesso, conquistando o mundo, e depois disso alguma coisa aconteceu pois vocês perderam a popularidade. Alguns fãs entenderam o trabalho, mas a maioria não. 
Quando lançamos Troublegum as majors foram atrás da gente, e conseguimos tudo o que queríamos naquele momento com o disco. Éramos realmente grandes. Para o álbum seguinte, os fãs esperavam uma continuação do Troublegum, com canções rápidas e fortes como ScreamagerKnives e Nowhere, mas estávamos diferente, ouvindo bandas dos anos oitenta, como The Cult, que tem melodias e climas atmosféricos. Não queríamos fazer um Troublegum parte dois. Queríamos provar para nós mesmos que conseguiríamos fazer um álbum diferente, que agradasse os nossos gostos. Foi um risco que quisemos correr. Lembro que, quando ouvi o disco pronto no estúdio, eu sabia que iríamos dizer adeus ao sucesso e ao mainstream.
Therapy? já foi um trio e um quarteto no palco. Qual formação funciona melhor?
Trio é muito melhor. Eu gosto da atmosfera que conseguíamos criar juntos no início. Depois do lançamento de Infernal Love, quando nosso ex-baterista Fyfe Ewing deixou a banda, sentimos que a mágica se foi. Então, procuramos um novo formato para a banda , com um novo baterista e um guitarrista adicional, que ficaram com a gente por um bom tempo. Hoje temos o incrível Neil Cooper nas baquetas e conseguimos recuperar aquela mágica de antes. Por isso voltamos a ser um trio.
Se for para escolher uma música do Therapy? que represente a banda, qual seria?
Essa é difícil! Pode ser duas? Uma delas é Deathstimate, do novo álbum, pois tem um riff metal e refrão melancólico. Da velha escola eu fico com Screamager, que representa muito bem o que foi a banda nos anos noventa.
Vocês já fizeram várias versões de músicas, como Diane, do Husker Dü, Isolation, do Joy Division, Breaking The Law, do Judas Priest, e mais algumas outras. Qual cover novo você faria hoje?
Provavelmente seria uma música do The Kinks, Too Much on My Mind, que é uma linda canção dos anos sessenta e eu amo o jeito em que Dave Davies canta ela. Ele passa muita emoção. Outra seria Everytime, da Britney Spears, que é um linda canção também.
Para terminarmos, gostaria de enviar alguma mensagem aos fãs brasileiros? 
Claro!
Para seguir o Therapy?:
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14 de junho de 2016



“Heavy metal também é sobre aceitação”, diz Rob Halford, do Judas Priest

Itaici Brunetti
Atualizado em 8/04/201

Judas Priest Perform At The Venue At Horseshoe Casino In Hammond
(Crédito: Getty Images)
Não é qualquer ser humano que é condecorado como Deus do heavy metal. Mas Rob Halford tem esse poder! Ao lado de Ozzy Osbourne, Dio e Lemmy Kilmister, o cantor inglês vem elevando o rock’ n’ roll à sua forma mais pesada desde 1969, à frente doJudas Priest. E, para a alegria dos metaleiros brasucas, o grupo, que é um dos precursores do N.W.O.B.H.M (New Wave of British Heavy Metal), voltará ao país em abril para algumas apresentações, sendo duas dentro do festival Monsters of Rock 2015, na Arena Anhembi, em São Paulo. Como convidada especial do evento, a banda tocará nos dias 25 e 26. Vai ser paulada dupla!
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Direto da terra da Rainha, Rob, um senhor de 63 anos e de fala calma (bem diferente daquele canto agudo e potente que estilhaça vidro quando está nos palcos), trocou uma ideia com o Virgula Música, e bem humorado foi logo brincando: “Eu gostaria de poder conversar em português, mas é provável que você não entenderia uma palavra do que eu iria falar (risos)”
Além de contar um pouco dos shows no Brasil, abrir o jogo sobre seu gosto musical e da relação que tem com motos, o vocalista, conhecido por ser o primeiro músico de heavy metal a se assumir gay, não fugiu da raia quando o tom do assunto foi esse. Aliás, ele se mostrou tão seguro de sua orientação sexual que faria qualquer outro metaleiro sair do armário facilmente. Ou seja, Rob é mais macho (no quesito coragem) que muitos por aí, e por isso que é um dos melhores no metal. Ao fim da conversa, foi ele quem agradeceu pela entrevista, mostrando a educação de um lorde inglês. Respeito é pra quem tem, e Rob Halford tem!
Se liga no bate-papo:
Judas Priest - credito divulgacao 2
(Crédito: divulgação)
Virgula Música: Rob, você já disse algumas vezes que o Brasil é especial para você. Por que? 
Rob Halford: Eu amo o estilo de vida do brasileiro e a paixão que vocês têm pela música. Sempre que estou no país me sinto emotivo por essa paixão que o povo me passa. Também gosto muito da música brasileira e do Carnaval, e especialmente do meu tipo de música, o heavy metal, que é muito forte no Brasil. Também me agrada as gerações de fãs de heavy metal que o país apresenta; desde os mais velhos aos mais jovens, sempre lotando os shows nas cidades. É como se houvesse uma comunidade brasileira de música pesada. Sempre que estou no Brasil sinto algo incrível e inexplicável, e por isso que estou ansioso para os nossos shows.
O Judas Priest vai tocar nas duas noites do Mosters of Rock 2015. Vocês estão preparando shows diferentes?
Bem, vamos fazer um tipo de balanço baseado nos pedidos dos fãs pela internet. Mesmo sendo dois shows na cidade de São Paulo, será bem difícil escolher as músicas do setlist, pois são muitos álbuns na nossa carreira. Mas, posso adiantar que terão músicas do novo álbum, Redeemer of Souls, os clássicos, e talvez algum b-side, mas é quase impossível tocar todas as músicas que os fãs querem. A nossa difícil missão é não desapontar os fãs brasileiros.
Recentemente, Tony Iommi e Geezer Buttler, do Black Sabbath, disseram que não querem mais fazer turnês. E você, já pensou em parar algum dia?
Nós [da banda] já conversamos sobre isso e temos o pensamento parecido, que é continuar fazendo metal até quando conseguirmos. Pensamos que o melhor ainda está por vir e por isso queremos continuar forte com o Judas Priest. Para nós, o melhor momento é quando estamos tocando ao vivo no palco, então, não queremos deixar de ter essa sensação. Porém, sabemos que para isso precisamos manter a banda viva, sempre compondo e gravando novas músicas. Fazemos isso pelos fãs e eles nos dão essa satisfação de volta. É um ciclo que não queremos interromper.
Judas Priest With Special Guests Black Label Society & Thin Lizzy In Concert
(Crédito: Getty Images)
Você é considerado um dos Deuses do metal (ao lado de Ozzy Osbourne e Dio). Como você se sente quando as pessoas o chamam assim? Você se considera um Deus do metal?
Bom, ser chamado de Deus do metal é uma grande honra e satisfação. É um título pesado de se carregar. Ele foi adquirido com muito trabalho, dedicação ao heavy metal e respeito pelos fãs. Estar nessa posição ao lado de Ozzy, Dio, Lemmy (do Motorhead) e mais alguns outros é uma das maiores conquistas que alguém como eu poderia ter. É uma gratidão imensa.
Recentemente, Roddy Bottum (tecladista do Faith No More), postou no Facebook da banda uma foto ao seu lado, e o feedback foi dos piores, com muitas pessoas homofóbicas xingando vocês. Você ainda enfrenta muito problema com esses tipos de fãs?
Pois é, eu fiquei sabendo desse ocorrido. As pessoas preferem perder tempo falando esse tipo de besteira na internet do que aproveitar suas próprias vidas e produzir algo bom para elas mesmas. Eu e Roddy acreditamos em quem somos e em pessoas como nós. Usamos a nossa música para falar sobre coisas boas. O metal também foi feito para falar sobre felicidade e boas experiências. Ele também é sobre aceitação. Nossa música não projeta o preconceito e a intolerância. Infelizmente existe a oposição e lidamos com isso até hoje. Mas a maioria dos nossos fãs nos entende e nos respeita, e isso é o que mais importa.
(Roddy excluiu o post original e repostou a foto dando uma bronca nos fãs homofóbicos. Mesmo assim alguns comentários grosseiros e preconceituosos voltaram a aparecer)
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(Crédito: reprodução/Facebook)
Você assumiu ser gay em 1998. Você acha que se assumisse hoje seria mais fácil?
Não. Seria igual. Mesmo com as mudanças que o mundo tem, parece que as pessoas não aprendem a respeitar e aceitar as diferenças. É tudo simples, é uma questão sobre aceitação. As pessoas são iguais e devem ser tratadas como iguais, independente da orientação sexual; seja no trabalho, na escola ou entre amigos. Hoje, ainda existe uma luta contínua que enfrentamos, de tentar abrir a mente das pessoas. Todas essas coisas negativas que ouvimos nos tornam mais fortes e resistentes. Sou feliz como sou, e também por ter inspirado muitas pessoas a se assumirem.
Uma de suas marcas registradas no Judas Priest sempre foi entrar no palco em cima de uma moto. A sua relação com o veículo vai além do artístico?
Eu gosto de motos, mas o meu envolvimento com o veículo é mais artístico. A moto tem uma enorme relação com o heavy metal, pois ambos representam atitude. A moto é forte, poderosa, agressiva, rápida e faz um barulho muito alto. Ela também representa a liberdade, e nos conecta com a música. Ela é tudo o que o heavy metal é.
E você possui alguma moto em casa?
Eu tenho apenas uma. É a mesma que uso nos palcos.
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(Crédito: reprodução)
Muitas pessoas no Brasil gostam do Fight, sua outra banda alternativa que fez sucesso nos anos noventa. Este ano, o álbum War of Words completa 17 anos. Você não tem vontade de reativar a banda? Nem que seja para fazer uma turnê comemorativa.
Eu penso que é possível, sim. Talvez em algum momento, mas não agora! Eu sou totalmente devoto ao Judas Priest, tenho uma agenda que me ocupa muito tempo e me sinto realizado fazendo heavy metal. Mas lembrando agora, eu tive bons tempos com o Fight. Então, não descarto essa ideia, mas também não sei quando poderei colocá-la em prática. Seria ótimo poder fazer mais alguns shows, mesmo que poucos, e voltar ao Brasil com o Fight. Quem sabe um dia…
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(Crédito: divulgação)
Quando você está em casa, o que costuma ouvir? Metal?
Bom, eu sou muito cabeça aberta e ouço diferentes estilos de música em casa, e todos os gêneros me ajudam a ter uma direção no que faço no Judas. Agora, por exemplo, tenho ouvido muito Royal Blood. Você conhece? Eu também amo ouvir música instrumental e música clássica, como Tchaikovsky, e o maior de todos: Luciano Pavarotti. Também gosto muito de cantoras como Janis Joplin e Joss Stone, e sou ligado em algumas coisas de eletrônico. O último disco do Daft Punk, por exemplo, é muito bom. Mas fica esquisito um Deus do metal de mais de 60 anos falando isso, não? (muitos risos). De metal, as bandas atuais de stoner rock do Texas são muito poderosas e têm me agradado muito.
Para finalizar, você quer enviar alguma mensagem aos fãs que vão assisti-lo no Monster of Rock?
Bem, eu queria agradecer aos nossos fãs por apoiar o Judas Priest. Nós, da banda, nos sentimos conectados com o público brasileiro e estamos empolgados em voltar para tocar para vocês. Esperamos agradar os fãs antigos e conquistar os novos que nunca viram o Judas em ação. Obrigado!
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20 anos de Mellon Collie and The Infinite Sadness; quais os legados que a obra deixou

Itaici Brunetti
Atualizado em 16/07/2015

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Em 1995, a música andava meio perdida após o suicídio de Kurt Cobain; os pós-grunges estavam começando a aparecer, as boys bands famosas ainda engatinhavam, o eletrônico ganhava força aos poucos, e tinha os rappers, que rumavam à ‘mainstreanzação’. Ou seja, era um momento delicado em que ninguém sabia direito para onde correr.
Daí veio o Billy Corgan, do Smashing Pumpkins, que já tinha conquistado toda a “geração flanela” com Siamese Dream, de 1993, e pensou: “Tá aí o momento certo para eu mostrar a esse mundo toda a minha genialidade”. E ele acertou! O disco duplo Mellon Collie and The Infinite Sadness acabou sendo uma obra prima, tipo oitava maravilha noventista, sabe? Para muitos, ele pode ser colocado na mesma prateleira que clássicos como The Wall, do Pink Floyd, e o Álbum Branco, dos Beatles, entre outros.
O disco foi lançado em 24 de outubro daquele ano e completa 20 aninhos neste sábado =)
Quem vivenciou o lançamento do disco, descobriu que ele vai muito além de melodias com guitarras distorcidas. O trabalho serviu como um abraço naquela moçada meio perdida, cheia de desilusões, perspectivas e falsas esperanças amorosas.
Billy não foi nada bobo. Com letras que falavam sobre angústia e crises existenciais, o careca (que até ostentava um cabelinho penteado), conquistou os jovens do mundo todo naquele momento. Ele mostrou onde os meninos não podiam pisar, comparou o amor com a morte, e alegou que o impossível também era possível (trocadilhos com as músicas Where Boys Fear To TreadBodiesTonight, Tonight). Enfim, Mellon Collie foi mega premiado e o próprio Corgan já admitiu que a banda nunca soou tão espetacular como no álbum. A gente concorda!
Para celebrar, listamos alguns ensinamentos do disco que confortaram toda uma geração. Veja se Billy tinha razão:
1. Primeiro de tudo: prepare-se, a vida não vai ser fácil! 
2. Mas na noite tudo é possível
3. Segundo Billy, garotos bacanas nunca têm vez. Será?
4. Mas não importa o que digam da sua aparência, você PODE usar um cabelo azul, e tá tudo bem!
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5. Ser mulher, tocar numa banda cheia de homens, e apavorar muito, sempre foi cool!
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6. E mesmo que você se sinta sozinho, ter amigos é o que pega.
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7. Sair pra zoar com eles de vez em quando faz muito bem (mas com moderação, ok!)
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8. Dançar bonito nas festinhas não tá mais com nada, o lance é sentir a música.
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 9. Mas cuidado! Nossos sonhos mais bizarros podem se tornar realidade (pelo menos em vídeos)
10. E tudo pode mudar de um jeito que você nem esperava (para melhor, claro!).
11. Tenha paciência, no final as coisas sempre se acertam!!! 
12. E claro, não esqueça do mais importante: o amor never die <3
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Até que, para um disco de nome Melancolia e Tristeza Infinita, os abóboras conseguiram passar várias mensagens positivas e fizeram aquela geração seguir em frente, com os tropeços ou nas conquistas da vida. Depois desse disco, nenhum jovem foi mais foi o mesmo. Ou melhor; cada um seguiu sendo si mesmo. O que já é uma vitória!
Vinte anos se passaram, a formação da banda mudou, e Billy Corgan segue em frente com os Pumpkins. Esse ano eles passaram pelo Lollapalooza Brasil, fizeram bonitoe você pode conferir aqui como foi, e também em fotos na nossa galeria.
Valeu, Corgan!