17 de outubro de 2011

Garganta Profunda

Revista Monet 103 - Outubro 2011

Por Itaici Brunetti Perez

foto André Arruda

  
O som e a fumaça que vêm dos seus lábios provocam a paixão do criador e ao mesmo tempo criatura do filme Natimorto. E quem poderia condená-lo?

Sua voz é o motivo da paixão de Lourenço Mutarelli, autor e ator de Natimorto e ela até já participou de uma faixa do projeto 3 na Massa, mas Simone Spoladore não está nem um pouco interessada em começar uma carreira como cantora. Ímã de personagens arrebatadoras, a atriz curitibana dá detalhes do estranho romance na tela com Mutarelli, que envolve obsessões e muita nicotina. E olha que Simone não fuma. Só profissionalmente.

Como você conheceu a obra Natimorto?

Eu fiquei sabendo por um pessoal de Manaus que eles iam filmar Natimorto. Procurei ler o livro e achei muito interessante a história, fiquei fascinada pela personagem e também pelo jeito como o Lourenço escreve. Pensei: tenho que interpretá-la.

Então você procurou a produção para fazer o papel ou eles te procuraram?

Acho que foram as duas coisas ao mesmo tempo. Tanto eu quanto a produção estávamos interessados. Eu pedi para conversar com o diretor e descobri que ele também estava me procurando, pensando em mim para encenar a personagem. Foi simultâneo.

E você chegou a ver a peça teatral de Mario Bortolotto sobre o livro para se inspirar?

Sim. Fui assistir para ter o conhecimento da peça e conhecer mais de perto todos esses elementos da obra que são essenciais para construir “a voz” da personagem.

Você já conhecia o trabalho de Lourenço Mutarelli?

Tinha ouvido falar do Lourenço mas não conhecia muito o trabalho dele. Li apenas O Cheiro do Ralo e Natimorto. Quando fiquei sabendo que ia fazer o filme, eu fui também procurar os quadrinhos dele para entendê-lo melhor. Só fui conhecê-lo bem durante as filmagens, e foi um privilégio trabalhar com o próprio autor.

Qual foi a cena mais difícil de fazer?

[longa pausa] Talvez a cena em que o Lourenço tem aquele surto, que ele fala que as pessoas são banguelas. Foi uma cena bastante tensa de filmar, mas houve muitas cenas difíceis, porque éramos somente os dois sempre em cena. Tínhamos que ter muita concentração, e a densidade do filme também colaborou com o desafio da dificuldade.

Você acredita que podem existir relacionamentos iguais ao do filme?

Com certeza, sim. Não conheço nenhum próximo, mas deve existir. O que acontece com Natimorto é que a princípio ele oferece um amor de um cara que realmente se apaixona pela voz da minha personagem, mas ela não corresponde a isso, porque está perdida em um mundo de deslumbramento com o que pode acontecer com ela, com sua carreira. Quando ela volta para ele, aquele amor que tinha sido oferecido já está destruído. Mesmo com o retorno, eles são levados à loucura. À loucura dela e à dele mesmo.

O cigarro é outro personagem importante da história. Você fuma?

Não, não fumo.

E como foi trabalhar nesse ambiente rodeado de nicotina?

Ah, tive que aguentar, pois a gente fumava o dia inteiro. E é trabalho, né?! Mesmo quando não estávamos fumando, estávamos dentro daquele ambiente que apelidamos carinhosamente de “cinzeirão”, e ficávamos respirando aquilo o tempo todo. Mas o que me aliviava é que era só por um tempo, depois ia acabar. Deu para aguentar.

Sua personagem carrega “A Voz da Pureza” e você também cantou na faixa “Pecadora”, do projeto musical 3 na Massa. Você gosta da sua voz? Ou já pensou em se aventurar na música e seguir uma carreira musical?

Não, nunca pensei. Na verdade, a minha participação no 3 na Massa... Eu apenas recito um texto, nem chego a cantar. Mas usar a minha voz para cantar, me dedicar a uma carreira musical? Não tenho vontade, não.

Você tem uma característica de fazer sempre personagens dramaticamente intensos, como no caso da Ana, de Lavoura Arcaica, e Oribela, de Desmundo. Você busca esse tipo de personagem? Ou simplesmente acontece?

Existem os dois lados. Eu também fiz recentemente o filme Elvis & Madona, que é uma comédia. Tenho procurado fazer vários papéis diferentes, mas não sei o que acontece com esses papéis mais dramáticos. Talvez seja porque eu me interesso por eles, pelo universo deles. Até gosto dessa imagem minha de carregar personagens dramáticos, não me importo de ser vista assim. Mas também gostaria de fazer mais comédia.

E os trabalhos futuros?

Acabei de fazer dois filmes: Sala de Espera, da diretora Lúcia Murat, e também Sobre Neblina, com a cineasta Paula Gaitán. Logo pintam por aí!   
220 volts

Revista Monet 103 - Outubro 2011

Por Itaici Brunetti Perez

Revelação do teatro de comédia, o ator Paulo Gustavo conseguiu se destacar no cinema e na TV, e agora comemora um programa todo seu.

Ano que vem marcará o início das filmagens de Minha Mãe é uma Peça, longa adaptado do monólogo de sucesso que tem como foco principal Dona Hermínia, uma solitária mãe aposentada à procura do que fazer. Mas enquanto as gravações sob o comando de José Alvarenga não começam, a personagem criada e interpretada pelo ator carioca Paulo Gustavo aproveita para dar as caras (e muitos “pitacos”) no novo programa humorístico 220 Volts, estrelado inteiramente pelo próprio Gustavo.
Mais conhecido como Renée, o cabeleireiro tagarela do filme e seriado Divã, e também por ter feito participações em Minha Nada Mole Vida, A Diarista, Faça sua História e Sítio do Pica-Pau Amarelo, o ator de 32 anos revelou que a ideia do programa surgiu de sua própria vontade em levar para a televisão o que já fazia no teatro há tanto tempo: interpretações de vários personagens dentro do formato stand-up. “Eu sempre digo que stand-up tem três regras básicas: não pode ter cenário, não pode ter figurino e não pode ter personagem. Mas como a peça é minha, o problema é meu, e ninguém tem nada a ver com isso, eu faço o que eu quiser e me transformo em todos os personagens que costumo fazer, e a plateia sempre aprova. Então são essas minhas criações que fazem parte do programa”, conta empolgado, em clima de contagem regressiva para a estreia.
“Em cada episódio tratamos de um tema diferente. Falamos sobre medos, alimentação, namoro, fama, consumo, relacionamento e por aí vai. E entre os esquetes vamos até as ruas, boates, clubes e cinemas para bater um papo com as pessoas”, conta o humorista.
A Senhora dos Absurdos, outro personagem do ator que “bombou” na web, também aparece no programa para opinar e fazer o que sabe de melhor: falar mal da vida alheia. “Nossa, são tantos personagens. Também faço um cara sem noção, um playboy, uma periquita, são muitos”, comenta o ator, que confessa que trabalhar em vários personagens com características e nuances diferentes é muito mais trabalhoso do que ter um personagem único dentro de si mesmo. Ele sabe que o que importa é que todos façam rir.

14 de outubro de 2011

Aqui, lá e em qualquer lugar

Revista Monet 103 - Outubro 2011

Por Itaici Brunetti Perez

Pioneiro no Brasil em TV Everywhere, o MUU chega para proporcionar o melhor entretenimento audiovisual onde você estiver

Ainda não chegamos ao ano de 2015 do longa De Volta Para o Futuro 2, no qual carros e skates voam, ou a 2019, como previsto em Blade Runner, com robôs disfarçados de humanos caminhando entre nós. Mas no nosso real presente de 2011 podemos dizer que conseguimos assistir a programas de televisão em qualquer lugar e levar o entretenimento para onde for. O que já é um grande avanço, se compararmos com a tecnologia e as limitações de alguns anos atrás. E isso só se tornou possível com a chegada de um novo sistema para assistir televisão, denominado TV Everywhere. Na melhor tradução livre: TV em toda parte.
A necessidade de produzir e adaptar conteúdos para serem apreciados em novos gadgets, sem falar do crescimento dos acessos a vídeos on-line, obrigaram as maiores emissoras pagas da televisão mundial a criar seus próprios canais de TV na internet. No endereço de cada um deles, o serviço de vídeos por IP (protocolo de Internet) possibilita ao assinante acessar conteúdos dos canais pagos através da web a qualquer hora do dia, e de onde estiver. Basta possuir um computador de mesa, um notebook, um Blu-ray, um game, dispositivo móvel, smartphone ou um tablet.


A novidade foi lançada há pouco tempo nos Estados Unidos e na Europa. Na terra de Obama, ainda está dando os primeiros passos, diferentemente do Velho Mundo, onde já pegou. De qualquer forma, grandes produtores de conteúdo e entretenimento, como HBO, Warner Channel, CNN, BBC, entre muitos outros, entraram de cabeça na nova empreitada e lançaram seus próprios mecanismos e aplicativos, disponibilizando muito do seu acervo geral, e também conteúdos exclusivos, como coberturas de notícias, entrevistas inéditas e making of de programas.
Na esteira dessa revolução, acompanhando essa demanda toda por informação e entretenimento de fácil acesso, a Globosat, a maior fornecedora de conteúdo da televisão por assinatura no Brasil, criou o MUU (muu.globo.com). O site oferece para os assinantes da NET – somente aqueles que têm nos seus pacotes os canais Globosat – todo o acervo. Até o momento, são mais de cinco mil vídeos e 1.400 horas de material disponíveis on-line para ver e rever.
A programação é para todos os gostos. São títulos de comportamento, esporte, gastronomia, musicais, shows, séries, entrevistas, estilo, humor, realities, documentários, talk shows e grandes filmes de sucesso do cinema, novos, antigos e de todos os gêneros. O documentário esportivo Clubes do Coração, sobre os grandes times brasileiros, e a segunda temporada da série Spartacus são alguns dos exemplos do conteúdo especial do MUU. As aventuras de Bruno Mazzeo em Cilada (Multishow), e as receitas malucas de Paulo de Oliveira e seu Larica Total (Canal Brasil), dois programas que não estão mais na grade de programação da televisão por assinatura, também podem ser relembrados por meio do sistema. Para fazer parte deste universo, basta se cadastrar.
“O MUU só vai poder ser usado por assinante de TV paga. Por meio do seu pacote, a pessoa tem acesso a todo o conteúdo, sem qualquer restrição. Já o não assinante só consegue ter acesso ao conteúdo aberto, que serve como ‘degustação’ do conteúdo da Globosat, que é para conhecer o tipo de programa que levamos ao ar”, explica Gustavo Ramos, diretor de novas mídias da Globosat.
Um bom exemplo da eficiência do MUU é imaginar-se na seguinte situação: você assistiu pela TV aos programas gastronômicos dos canais GNT, como Que Marravilha! ou Diários do Olivier, e ficou maravilhado(a) com um prato delicioso e tentado a reproduzi-lo em casa. Mas aí você se dá conta de que não se lembra do processo todo de preparo, porque não anotou a receita em nenhum lugar. Sem problema. Da sua própria cozinha, acesse o  MUU pelo seu celular ou iPad, procure pelo programa e capítulo que o(a) inspirou e acompanhe passo a passo a receita. Se ainda for o caso de não se lembrar dos ingredientes necessários, quando estiver no supermercado, vá até o MUU pelo seu dispositivo móvel, confira os ingredientes e boa refeição.
Taí uma funcionalidade para assinante nenhum botar defeito, mas Ramos também faz uma breve reflexão sobre o assunto. “A gente não sabe exatamente se esse negócio de TV Everywhere vai dar certo no Brasil. Mas, se der, a gente quer que seja com os nossos vídeos e nossos conteúdos. A liderança que a gente tem no canal linear a gente quer manter também nesse modelo. De qualquer forma, quem ganha é o assinante.”
Ter uma possibilidade como essa ao nosso alcance às vezes é muito mais vantajoso do que carros voadores.
 
Rock in Rio em casa

Revista Monet 102 - Setembro 2011

Por Itaici Brunetti Perez

Nossa reportagem foi atrás de personagens de edições anteriores para contar as histórias do mais importante evento do showbiz nacional, que finalmente vai voltar às origens neste mês

O velho ditado continua certo como nunca – “O bom filho à casa torna” – e o Rock in Rio, um dos maiores festivais musicais do mundo, cumpriu o dito popular. Depois de passear por terras europeias nos últimos dez anos, com edições em Lisboa (Portugal) e Madri (Espanha), o festival de criação 100% brasileira retorna neste mês ao seu país (e cidade) de origem para celebrar sua edição mais ambiciosa até o momento. Mas muita água rolou por baixo desse palco até chegarmos a 2011. 
Elaborada pelo empresário brasileiro Roberto Medina no início da década de 1980 e embasada num mote sustentável e social (“Por um mundo melhor”), a ideia de o Rio de Janeiro comportar um festival de música com vários dias em sua programação e trazendo atrações nacionais e internacionais parecia loucura. Posta em prática, fez nascer uma marca que entrou para a história do entretenimento mundial e que colocou o Brasil no roteiro de shows de artistas internacionais. Além de movimentar consideravelmente o turismo e a economia da cidade.
Sua primeira edição aconteceu em janeiro de 1985, na chamada Cidade do Rock, construída em Jacarepaguá propriamente para o evento. A estreia do ousado espetáculo de Medina contou com o apoio de 28 bandas em dez dias de festival. Ozzy Osbourne, B-52, Rod Stewart, AC/DC e Queen, artistas que até então só tinham sido ouvidos em discos pelos brasileiros, vieram pela primeira vez ao país. Era o sonho se realizando.
A cantora paraibana Elba Ramalho, que se apresentou no festival em 1985, 1991 e 2001, relembra como era a expectativa da novidade: “Admito que não tinha a real dimensão do evento, mas percebíamos que ia ser importante. A ficha só caiu mesmo na semana do show, quando fui ao meu camarim e vi o Gilberto Gil batendo papo com o James Taylor”. George Israel, saxofonista do grupo Kid Abelha, que se apresenta solo na edição 2011 ao lado da banda Os Roncadores, relembra, nostálgico: “O Rock in Rio detonou uma consciência de que o Brasil tinha muito espaço para grandes shows e festivais de rock e que o público existia. Na época, tínhamos um atraso muito grande em relação a shows internacionais e ficamos animados por ver quem estava vindo de fora, por sentir que era uma produção especial, bem diferente do que estávamos acostumados. Além de me apresentar com o Kid Abelha, me lembro de ter visto todos os shows e almoçado com meus ídolos. Foi uma grande curtição. Éramos atração e fãs ao mesmo tempo”.
Para Dinho Ouro Preto, vocalista da banda brasiliense Capital Inicial, o ano não foi de muita sorte. “Eu fiquei mal porque adorava o Queen e o AC/DC, e estava sem dinheiro para ir assisti-los. E mesmo assim minha namorada foi sem mim [risos]”, brinca o cantor, que na época mal sabia que sua banda iria ser convidada para se apresentar em todas as outras futuras edições nacionais como uma das atrações principais. 


 
A EPOPEIA CONTINUA – A cria de Medina foi tomando novas proporções e se mudou para o Maracanã em janeiro de 1991, na segunda edição, onde ofereceu ao público 44 shows em nove dias. Guns n’ Roses, Prince, A-Ha e Faith No More foram alguns dos inéditos da vez. Roberta Medina, filha de Roberto Medina, empresária, produtora de eventos e hoje em dia uma das cabeças por trás do Rock in Rio, se recorda: “Na época eu tinha apenas 12 anos e estava lá como fã. Queria muito ver o New Kids On The Block, passear pelos camarins, mas, claro, sem ter noção alguma de como era trabalhar com produção.”
Elba também possui boas lembranças: “Me apresentei na mesma noite que o Prince, e tinha uma banda, a Happy Mondays, que teve problemas com os instrumentos em cima da hora e me pediram para aumentar o meu show em mais 35 minutos. Claro que adorei e coloquei todo mundo para dançar forró e frevo.” INXS, Sepultura e Guns n’ Roses também detonaram, diz Dinho. “Eles estavam no auge”, comenta o cantor.
Com atraso de dez anos e recebendo muita cobrança dos brasileiros, a terceira edição aconteceu novamente na reconstruída Cidade do Rock em 2001. Foram 160 shows em nove dias, onde R.E.M., Neil Young, Foo Fighters, N’Sync e Britney Spears fizeram a alegria dos fãs. “Só estando lá você percebe a grandiosidade do festival, do local. Foi legal ver o tipo de organização e tocar com aparelhagem de linha para 300 mil pessoas. Não estamos acostumados com esse mar de gente”, disse Roger Moreira, vocalista e guitarrista da paulistana Ultraje a Rigor, que se apresentou em dobradinha com a vizinha de bairro Ira!

ONDE ESTÁ O ROCK? – Neste ano, o Rock in Rio chega “causando” (no bom sentido da palavra). O festival acontece nos dias 23, 24, 25, 29 e 30 de setembro e 1º e 2 de outubro no Parque Olímpico Cidade do Rock, na Barra da Tijuca, e já é sucesso de bilheteria. Bateu recorde de vendas quando seus ingressos se esgotaram em apenas quatro dias, obrigando a produção a abrir um dia extra com novas atrações. “Diferentemente do que acontece no exterior, o Rock in Rio no Brasil marca uma geração. Ele tem um valor emocional muito maior aqui. Fora do país, ele chegou como um produto que precisou conquistar o seu mercado, e aqui o público se sente meio que ‘proprietário’ do Festival.
É esse tipo de relação que temos com o público”, comenta Roberta, que complementa: “Até a cobrança em cima de nós mesmos aqui no Brasil é maior. Temos a responsabilidade de atender às expectativas do público. Tudo aqui é maior, e não só a questão da dimensão do lugar. Não é à toa que teve esse impacto todo sobre a venda dos ingressos.”
Outro fator polêmico presente em qualquer roda de comentários sobre o festival é a extensa variedade de artistas de todos os gêneros musicais que pisam no palco do rock. Dinho Ouro Preto reflete sobre como seria seu mundo perfeito: “Nele, esse espaço seria reservado apenas para as bandas de rock. Afinal, o nome já diz que é uma celebração ‘nossa’. Mas o Brasil é um país peculiar e muita gente que ouve rock também se interessa por outros estilos. A peculiaridade da musicalidade brasileira é ela ser multifacetada, e o festival confirma que um estilo como o rock, que não é nato brasileiro, faz parte da nossa cultura também. O Rock in Rio é a celebração do caleidoscópio cultural brasileiro, e está para o rock no Brasil como a Marquês de Sapucaí está para o samba. É a cara do nosso país! Se fosse nos Estados Unidos ou na Europa, só teria rock”. Roberta finaliza: “Desde a primeira edição, nunca teve só um único estilo. O ‘rock’ que está no nome do festival tem mais a ver com o espírito jovem, irreverente, empreendedor, e de diversão, acima de tudo. As pessoas estão ali pela música e pela experiência. Tem para todos os gostos.”
Independentemente dos estilos e gostos musicais, o evento reaparece em 2011, só que mais maduro, experiente, exigente e maior. Esse é o Rock in Rio,
que, assim como todo filho, é criado para o mundo, mas no fundo é nosso.



O que rolou...

Alguns artistas que passaram pelo festival não saíram dele sem antes deixar muitas histórias para contar

1985
James Taylor veio ao Brasil decidido a dar fim em sua carreira artística, mas se emocionou tanto com o público brasileiro que obteve inspiração para vários hits, entre eles o “Only a Dream in Rio”. Já durante o show de Ozzy Osbourne, uma das atrações mais esperadas pelos roqueiros, uma galinha foi jogada no palco, mas, em vez de mordê-la, como era esperado, o cantor apenas entregou-a para os roadies e garantiu a canja.

1991
Lobão foi guerreiro ao se apresentar depois do curto show do Sepultura. Pegou uma plateia sedenta por rock pesado e travou uma batalha onde as armas eram vaias, copos e garrafas de plástico. Para se defender, usou um capacete de guerra e levou ao palco a bateria da escola de samba da Mangueira. Shaun Ryder, líder dos ingleses Happy Mondays, expoentes do movimento musical de Manchester, prometeu trazer uma montanha de tabletes de ecstasy ao Brasil e enlouquecer todo mundo, mas desistiu na última hora, com medo de conhecer as prisões daqui.

2001
Um dia antes do show do Queens of the Stone Age, o baixista Nick Oliveri visitou um ensaio de escola de samba. Para homenagear a quantidade de pouca roupa que viu, resolveu subir ao palco do jeito que veio ao mundo, apenas vestido com seu contrabaixo. Resultado: foi direto pra cadeia depois da apresentação. Cássia Eller foi outra que resolveu mostrar um pouco de pele. Em uma de suas últimas apresentações, a cantora se empolgou durante a versão de “Come Together”, dos Beatles, e levantou a blusa, revelando que estava sem sutiã.