4 de junho de 2016

“Lançar disco na internet já é comum. Hoje você tem que pensar diferente”, diz Rael

Itaici Brunetti
Atualizado em 13/05/2015

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(Foto: Rafael Kent)
O rap nacional anda em constante mudança. Desde a ascensão de CrioloEmicidaRaelRashid e muitos outros, o estilo gangsta tem sido deixado de lado para abordar outros temas. “Hoje tem muito mais mistura nos sons. Nos anos 90, de dez grupos de rap, oito tentavam ser o Racionais MC’s e ficava tudo meio parecido. Agora a gente abriu o olho para outros temas, e falamos disso”, conta Rael, que lançou recentemente o EP Diversoficando, que possui a canção romântica Envolvidão, sucesso nas rádios de São Paulo.
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“Sempre que escrevo me coloco no lugar de personagens, como no caso de Envolvidão. As outras músicas do EP são diálogos. Ser Feliz, por exemplo, fala do consumismo desenfreado, que é uma ideia que eu tento trocar com as pessoas, com a molecada, que se perde por esse motivo de consumo. Às vezes elas nem sabem quem são e querem comprar um monte de coisas. Hoje é Dia de Ver é sobre pessoas que deixam tudo para depois. A gente acaba verbalizando o que sente, o que houve”, diz o rapper.
Para esse lançamento, Rael pensou além. Com uma marreta nas costas e cimento nas mãos, o próprio saiu às ruas para implantar sua música nos muros da cidade. Como?  Dispositivos desenvolvidos especialmente foram inseridos nas paredes. “A pessoa vai no lugar, pluga o note no cabo P2 na parede, e pega 440 horas de música, incluindo o EP”, explica Rael. “Como eu já trabalhei de pedreiro com o meu pai, eu mesmo furei as paredes com marreta e talhadeira, e afundei ‘o disco’. Espalhei em alguns pontos de São Paulo e no muro do Circo Voador, no Rio”. Essa ação foi uma parceria entre o Laboratório Fantasma com a Shine Happy People. “Esse negócio de lançar o disco na internet já é uma coisa comum. Hoje você tem que pensar em maneiras diferentes de divulgação”.
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(Foto: Vras 77)
Para comemorar a boa recepção do trabalho, Rael fará duas apresentações no Centro Cultural São Paulo (CCSP), dias 16 e 17 de maio, ambos com ingressos esgotados, e segue com uma agenda lotada (veja abaixo). “Antes o rap circulava mais na periferia. Hoje em dia a gente tá entrando em festivais, praças públicas, tocando para outras classes e dialogando com mais pessoas”, comemora ele.

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