19 de agosto de 2011

Aqui a tela ferve, baby

Revista Monet 101 - Agosto 2011

por Itaici Brunetti Perez



Algumas besteiras, uns palavrões e muito papo- furado fazem parte de um novo programa anárquico comandado por Allan Sieber

Sujeito de barba cerrada abre um livro e começa a ler um verso aleatório em tom sério. É assim que começa Trash Hour, o novo programa de entrevistas (e humor) do Canal Brasil. Mas antes que você estranhe e se pergunte se está assistindo à atração correta, o papo começa a desandar (no bom sentido) e você logo percebe que sintonizou no lugar certo. O barbudo em questão é o cartunista gaúcho Allan Sieber e ele é o responsável por conduzir esse delicado momento de humor politicamente incorreto.
“Quando eu e o Fabiano Maciel [diretor do programa] nos encontramos para discutir sobre o Trash Hour, eu pensei: ‘Poxa, sou ligeiramente gago e não sou íntimo das câmeras. Ele bem que poderia ter arranjado um entrevistador melhor’”, conta o cartunista, seguido de uma gargalhada. Já Maciel complementa no mesmo tom. “O Allan é atípico. Ele fuma e bebe no programa [os convidados também têm a liberdade de fumar e beber], e isso é bom, porque ele improvisa bastante e temos liberdade com ele. No fundo desse mau humor todo, o Allan é um cara elegante. Mas também é o antiapresentador.”
O programa procura fugir do padrão normal dos talk-shows. “Tomamos muito cuidado para não cair em um lado cultural, de levar escritores, artistas de teatro, músicos, pois aí acabaríamos caindo na mesmice. Então fomos atrás de pessoas comuns, mas que são interessantes e que têm profissões inusitadas. Por exemplo: conversamos com um motorista de ambulância, uma camareira de motel evangélica e um metaleiro, ou seja, procuramos não cair no clichê”, conta Sieber, e adianta alguns segredos. “Também tivemos alguns convidados fictícios, como o Adão, o ex-anão, que é um ator interpretando um cara enorme que cresceu rapidamente. Tem também a ex-freira e ex-lésbica, e o Marlon & Mário, que é uma dupla sertaneja esquizofrênica de um homem só, essa coisa inacreditável de um carioca que toca música caipira”. Maciel emenda que “os personagens inventados são os mais bizarros, mas os reais são os mais surpreendentes.”
Para ordernar esse caos, o bate-papo é intercalado pelos quadros “Cinco Coisas Que Eu Odeio ...”, no qual o entrevistador enumera coisas irritantes ao seu redor; “Negão Bola Oito Talk Show”, do já conhecido personagem animado do cartunista; e “Faça Você Mesmo”, em que a Mulher Audiência, interpretada pela curvilínea atriz Thatiana Moraes, ensina utilidades (ou inutilidades) para o dia a dia, concluindo sempre que até do lixo se tira proveito. Trash Hour é, digamos assim, humoristicamente sustentável.

Trash Hour dia 22, segunda, 0h, Canal Brasil, 66

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