18 de agosto de 2011

Sobreviventes

Revista Monet 97 - Abril 2011

por Itaici Brunetti Perez

foto Rafael Andrade/ Folhapress

Prestes a completar três décadas de carreira, os Paralamas do Sucesso finalizam sua atual turnê, a do disco Brasil Afora, com um registro ao vivo, participações de Pitty e Zé Ramalho e pique de sobra

HERBERT VIANNA, JOÃO BARONE E BI RIBEIRO, os três mosqueteiros do pop rock nacional, que portam bravamente seus instrumentos há praticamente 30 anos, possuem um status que muitos músicos do Brasil devem invejar: o de melhor apresentação ao vivo da atualidade. Tal afirmação tem como base algumas premiações, sendo que a mais recente foi a de “melhor show do ano” no Video Music Brasil de 2009, bem como a performance que chega agora ao Multishow, Paralamas Brasil Afora.
Acompanhado por um time de profissionais experientes, o grupo formado no Rio de Janeiro no final dos anos 1970 subiu aos palcos do Espaço Tom Jobim na capital carioca em dezembro de 2010 para apresentar músicas de seu último álbum homônimo. “A gente queria muito fazer este registro porque tanto o disco quanto os shows foram muito bem recebidos”, comenta o baterista João Barone. Já o vocalista Herbert Vianna é mais específico: “Um disco ao vivo é um registro muito verdadeiro do momento musical da banda, tanto na sonoridade quanto no desenvolvimento técnico dos músicos.” Barone retorna lembrando que “o palco é o grande barato, pois é lá que você tem que jogar pra galera, tem que fazer o gol”. Golaços esses que são marcados quando a banda executa as músicas “Ela Disse Adeus”, “Lourinha Bombril”, “Alagados”, “Uma Brasileira” e “Lanterna dos Afogados”, dentre muitos outros hits. “O show do Brasil Afora é diferenciado por conter muitas canções do álbum, mas o auge das nossas performances são as músicas mais antigas e elas não podem faltar no repertório”, explica João.
Para reforçar a artilharia, o trio, que na verdade conta com teclados e metais no palco, recebe a visita de dois grandes artistas do Nordeste – o paraibano Zé Ramalho e a baiana Pitty. “Zé, que canta a música ‘Mormaço’, é um cara que nós já pagávamos o maior respeito, mesmo antes dos Paralamas existirem. A Pitty participou com a gente no Ceará Music ano passado e aceitou na hora o convite. Ela mesma escolheu a música ‘Tendo a Lua’ para cantar”, conta o baterista. “Pra gente foi uma alegria sonora pelo fato de o intervalo de gerações não representar uma barreira no nosso entusiasmo com estes dois artistas”, complementa Herbert. E Barone brinca que “no fundo acabamos agradando do admirável gado novo ao admirável chip novo [risos].”
É fato que esses incansáveis batalhadores da música brasileira, mesmo depois do acidente de Herbert, que o deixou numa cadeira de rodas, em 2001, não querem saber de arredar o pé da estrada. “Temos muito gás de tocar e encontramos nosso segundo fôlego pra isso, sabe, ainda temos essa ‘faísca’ como se fosse no início da banda. Tem artistas que chegam onde a gente chegou e querem ir pra casa, cuidar dos filhos, da família ou se dedicar a estudar o leão-marinho [risos]. Nós não. Se quiséssemos, a gente faria shows todos os dias. Tem muitos recantos do Brasil em que ainda não tocamos, desde os palcos mais nobres aos mais toscos. Precisamos conhecê-los”, diz Barone.
Sobre o futuro, tudo pode acontecer: um disco de inéditas no decorrer do ano, talvez algum projeto acústico e, claro, muitos shows. Entre os planos mais reais estão uma turnê na América do Sul e nos Estados Unidos e, segundo Barone, uma possível (mas não confirmada ainda) apresentação em um grande festival de rock no Brasil. Alguém aí pensou no Rock in Rio? A ver (e ouvir).

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