19 de agosto de 2011

O caçador de festivais


Revista Monet 100 - Julho 2011

por Itaici Brunetti Perez

foto Renato Parada



Viajando ao redor do mundo atrás dos maiores festivais de música, Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, assume o microfone e encontra um novo desafio: ser apresentador

SE VOCÊ PERGUNTAR A QUALQUER ESTRANGEIRO que nomes lhe vêm à mente quando o assunto é Brasil, provavelmente ele citará Pelé, Ayrton Senna, Ronaldo Fenômeno ou Sepultura, a maior banda brasileira de rock pesado (ou trash metal, para ser mais específico) e que vem levando a bandeira do país mundo afora há 25 anos. Agora, aos 43 anos, Andreas Kisser, são-paulino fanático, pai de família e guitarrista da banda mineira desde 1987, cai na estrada para uma nova aventura à frente da sexta temporada da versão brasileira de Rock Road.
“Na verdade, nunca tive essa experiência de ser apresentador de programa. Já aconteceu algumas vezes na MTV Brasil de pedirem para a banda toda ancorar o programa, escolher os clipes e tal, e para falar a verdade sempre achei um saco fazer isso, nunca tive muita paciência para televisão. Mas achei a proposta do programa incrível: de poder viajar, conhecer festivais, e não só na Europa, mas no mundo inteiro. Passear pelos bastidores, pelo palco, entrevistar o pessoal das bandas, etc.”, contou o músico em entrevista à MONET. 
“Antes de aceitar fazer a atração, assisti a algumas coisas do Rock Road latino com o Zeta Bosio [DJ e lenda da música argentina], que é o apresentador, e disse para mim mesmo: ‘Beleza, vamos ver o que acontece, acho que consigo encarar essa!’ E está sendo ótimo pra mim, porque acabo me atualizando, pois sempre tem umas bandas novas de que nunca tinha ouvido falar, e também tenho acesso aos artistas para fazer as entrevistas. Como conheço a maior parte dos músicos das bandas do circuito musical, facilita bastante este contato. Única coisa ruim é ter que decorar texto.”
Com a agenda lotada de compromissos com o Sepultura, as gravações do novo álbum – Kairos, o 13º disco de estúdio, recém-lançado mundialmente –, Kisser aproveitou a rota de shows da banda pelo exterior para gravar os episódios. “O Sepultura já tinha agendado uma turnê na Europa no ano passado, inclusive passando pelos principais festivais do continente. Então resolvemos tentar fazer os dois juntos, programa e shows, e deu certo! O programa acaba se adaptando aos meus compromissos com a banda. Fiz alguns festivais com o Rock Road e eles acompanharam o Sepultura em outros”, diz o guitarrista em tom de satisfação por ter conseguido cumprir as duas tarefas no mesmo período.
Segundo o músico, o festival de Roskilde, na Dinamarca, e o interativo Sonisphere, foram os que mais o impressionaram. “Lá na Europa eles têm muitos festivais, e na maioria com a característica de misturar vários estilos, que é o caso do próprio Rock in Rio, que teve sua edição em Madri, Lisboa e agora volta ao Brasil em setembro próximo.” E continua: “Uma coisa que percebi viajando é que hoje em dia os grandes festivais brasileiros não devem nada aos gringos. Antigamente era diferente, mas hoje não. Temos estrutura, equipamento e produção de primeira. O próprio Rock in Rio, em sua primeira edição, em 1985, foi um exemplo disso, pois deu um know- how que foi levado daqui pra lá. Muito também por causa dessa proposta de mistura de estilos. E como foram quase dez dias de festival, foi uma revolução na época.”
Agora, no segundo semestre, o Brasil será invadido por festivais. E o Rock Road estará presente? Andreas não pensa duas vezes em responder e adianta: “Pretendemos filmar sim por aqui, e como o Sepultura vai se apresentar no Rock in Rio, com certeza o programa estará junto com a gente neste e também em outros festivais brasileiros. Outra novidade da próxima temporada que posso adiantar é que vou substituir o guitarrista Scott Ian do Anthrax por duas semanas na turnê mundial do Big 4 [festival que reúne os quatro maiores nomes do heavy metal: Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax] e com certeza o Rock Road estará lá para registrar essa diversão toda”. Quem pensa que vida de músico é só diversão, Kisser e sua agenda abarrotada de compromissos estão aí para provar o contrário. Com ele, não tem corpo mole, o negócio é pegar pesado, tanto no rock quanto na vida. 



QUEM SABE FAZ AO VIVO - Os festivais apresentados por Andreas Kisser no Rock Road podem ficar longe de sua casa, mas não de sua televisão. Confira abaixo uma seleção especial, e essencialmente roqueira, de shows

GLASTONBURY 2010 
Considerado um dos maiores festivais a céu aberto do mundo. Nesse especial em cinco episódios, que cobre a comemoração dos 30 anos do evento, podemos ver a apresentação de bandas como Muse e Vampire Weekend.

FESTIVAL OXEGEN 2010 – ARCADE FIRE 
Vencedores do Grammy 2010, com o elogiado The Suburbs, os indies do Arcade Fire mostram que no palco a banda pega fogo. Não à toa, o show desses canadenses é um dos mais esperados em solo brasileiro.

AO VIVO NA ILHA DE WIGHT – THE WHO 
Um time que tem Pete Town¬shend, Roger Daltrey, John Entwistle e Keith Moon não é qualquer um. Nessa histórica apresentação, eles pulam, giram o microfone e destroem os instrumentos, literalmente.
LIVE AT THE PARADISE IN BOSTON – PIXIES
Para a alegria dos fãs do bom e bem feito rock de garagem, Frank Black convocou os membros originais dos Pixies e resolveu sair excursionando por aí. Apresentação cheia de hits como “Debaser” e “Hey”.

DEATH ON THE ROAD – IRON MAIDEN
Eles não inventaram o heavy metal, mas são uma das maiores (senão a maior) bandas do gênero. Nesse espetáculo, eles apresentam a turnê do álbum Dance of Death em um palco bastante ousado.

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