18 de agosto de 2011

Passeando em outros tons

Revista Monet 95 - Fevereiro 2011

por Itaici Brunetti Perez




Em meio aos papéis de mãe, colunista e vocalista da banda Pato Fu, Fernanda Takai arrumou um tempinho e se aventurou (digamos que muito bem) em carreira solo

Fernanda Takai até já se esqueceu dos tempos em que trabalhava como relações públicas. Há 18 anos nos vocais do Pato Fu, a simpática mãe da Nina resolveu encarar a difícil missão de lançar seu primeiro disco solo. Lançado em 2007, Onde Brilhem os Olhos Seus ganhou elogios por onde passou, todos surpresos com a originalidade das interpretações da mineira sobre um repertório de Nara Leão. A delicadeza musical do disco ganhou um registro à altura e que agora é exibido com exclusividade pelo Canal Brasil. Fernanda papeou com a MONET e nos contou como tudo começou e aconteceu, e ainda adiantou o que pode ser sua continuação.

De onde surgiu a ideia de um disco só com músicas do repertório da Nara Leão?


A ideia inicial foi do Nelson Motta, que enviou um e-mail para a minha empresária sugerindo de eu cantar as músicas de um disco da Nara. Era um sonho que ele tinha, pois achava que eu e a Nara tínhamos muitas coisas em comum, tanto de postura quanto de carreira. Meu pai gostava muito da Nara e eu ouvia muito quando era pequenininha, ou seja, o Nelson teve uma intuição muito forte, pois nem sabia que eu tinha vários discos dela em casa. Em um primeiro momento, gostei da ideia, mas não pretendia fazer nenhum disco solo, pois tenho a minha banda e não acho legal vocalista sair em carreira solo porque sempre é prejudicial para o grupo. Nos encontramos no Rio de Janeiro, ele insistiu, me mostrou as músicas e fiquei completamente encantada. Começamos a gravar de uma forma muito lenta e sigilosa, até que em 2007 cantei seis músicas na São Paulo Fashion Week e todo mundo ficou sabendo do projeto.

Você imaginava que esse projeto ia chegar aonde chegou?

Na verdade, o disco em si foi uma surpresa enorme. Quando ele saiu, a gente fez por um selo próprio, não tínhamos gravadora e nem lei de incentivo por trás. Fizemos com os nossos meios, era quase artesanal. E quando saiu não conseguimos abastecer o mercado com a demanda que estava tendo. Vendíamos 5 mil cópias por semana, o que para o mercado independente é um absurdo. Depois de 20 mil discos vendidos, migramos para a Deck Disk e com ela chegamos a quase 60 mil, com direito a disco de ouro e vários prêmios de crítica. A ideia do DVD foi documentar a etapa seguinte, que foi a turnê.

Qual foi o conceito visual do palco e como foi a realização das músicas ao vivo?

Eu achava que não ia fazer muitos shows deste disco, mas a procura pelas datas foi aparecendo. De repente começamos, e a turnê durou dois anos. Ao vivo, somos muito fiéis. Quem nos ouve em disco e ao vivo fica pleno, pois conseguimos transportar toda a sonoridade para o palco. O cenário, a gente conseguiu que remetesse ao projeto gráfico do disco, que é todo preto e branco, com poucas luzes e bastante sombra.

Por que incluir músicas do Duran Duran, Eurythmics e Michael Jackson no show, já que o repertório é basicamente de músicas brasileiras?

Se fosse apresentar o disco todo ao vivo, o show ia ter apenas meia hora. Então chegamos à conclusão de que cabiam músicas de outros artistas, já que era um concerto de intérpretes. O universo brasileiro foi coberto pela Nara, então quis colocar um pouco da minha formação pop internacional. Esses artistas foram muito importantes na minha vida.

Você é esposa, mãe, escritora, vocalista do Pato Fu e agora tem a carreira solo paralela. Como faz para conciliar isso tudo?

Administro meu dia com muita rigidez na parte dos horários. Tem semanas que são muito agitadas e com o tempo cronometrado. Por exemplo, a minha filha está agora embaixo da cama esperando eu terminar a entrevista para brincar com ela. Na parte profissional, temos dois escritórios, um de produção do Pato Fu e outro da minha carreira solo, então estou sempre em reunião, e sempre entrego o texto da minha coluna no prazo [Fernanda escreve contos e crônicas nos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense]. Tudo se baseia na satisfação de fazer as coisas. Na tarefa de mãe, eu e o John [Ulhoa] sempre vamos buscar a Nina na escola quando estamos em Belo Horizonte. Vamos ao teatro, cinema e faço coisas que toda mãe normal faz.

Existe algum plano de um segundo solo?

No momento estou centrada na turnê do Música de Brinquedo, o disco mais recente do Pato Fu, que continua em 2011 e pode virar um DVD. Sobre o segundo disco... não gosto da ideia da repetição, e nem o Pato Fu. Gostamos de quebrar paradigmas. A indústria pode pensar que lançarei um segundo disco solo interpretando outro artista, mas não farei isso. Tenho vontade de fazer um segundo porque a experiência foi ótima. Pode ser que seja com algumas coisas minhas que o Pato Fu nunca gravou, ou pode ser que me junte com outros artistas para compor, mas não tenho a menor noção de como ele vai ser, se existir, é claro!

Luz Negra ao vivo, dia 13, domingo, 21h, Canal Brasil, 66

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