18 de agosto de 2011

Nascido para voar

Revista Monet 93 - Dezembro 2010

por Itaici Brunetti Perez

foto Helge Tscharn




A incrível história do menino catarinense que derrotou uma lenda dos esportes radicais nos X-Games e que se tornou um dos maiores nomes do skate brasileiro

Pedro Barros, ou Pedrinho (como é chamado pelos amigos), é a mais nova promessa mundial do skate. Com apenas 15 anos, o menino catarinense derrotou o americano Andy MacDonald, seu concorrente de 37 anos e um dos melhores skatistas do mundo na categoria Skateboard Streetpark, papando o ouro da 16ª edição do X-Games. O evento – que é considerado as olimpíadas dos esportes radicais – aconteceu em agosto deste ano em Los Angeles e tem agora os seus bastidores revelados no programa X da Questão, da ESPN. A MONET aproveitou e bateu um papo com Pedrinho logo após retornar da aula, que nos contou como foi participar de um dos maiores eventos mundiais e por que escolheu o skate. Ou será que foi o skate que o escolheu?

Como começou sua paixão pelo skate?


Veio meio que naturalmente. Eu tive meu primeiro contato com apenas 1 ano de idade. O skatista Léo Kakinho, que está nessa estrada há muito tempo e é amigão do meu pai, deixou um skate lá em casa, e foi meio como um brinquedo pra mim e que não larguei mais. Posso dizer que comecei a engatinhar em cima do skate. Com 3 anos, eu já estava dropando de umas pistinhas mais baixas, tínhamos até uma mini ramp em casa e tenho como recordação a primeira vez que quebrei meu dedo nessa época, que foi tentando descer a rampa lá de casa. Pelo que eu me lembro como gente, já era apaixonado por skate.

Este ano foi a primeira vez que você participou do X-Games?

Não, eu já tinha concorrido mais duas vezes na categoria amador. No primeiro X-Games de que participei, eu tinha 13 anos e fiquei em primeiro lugar. Na segunda vez, já com 14 anos, concorri no Half Pipe (pista de madeira em forma de letra “U”) novamente e acabei em terceiro lugar. Agora, com 15 anos, eu venci a categoria profissional, o que foi muito significativo pra mim.

Qual é a sua manobra que o diferencia dos demais e te ajudou a vencer?

Não sei se me diferencia, mas foi o 540º, uma combinação de giros no ar, que consegui realizar em uma altura boa e que contou muitos pontos. E tem os grinds também [manobra em que o skatista desliza por um corrimão].

E os bastidores dos X-Games?

Ah, é muita coisa que acontece e passa tudo muito rápido. Só de estar lá você percebe o quanto a estrutura do evento é grandiosa, maior do que vemos na TV. E tem muita coisa que a transmissão não mostra. Por exemplo, toda a molecada brasileira do skate se reunia em um teatro que tinha dentro do local das competições, e por sermos todos amigos ficávamos torcendo por quem estava competindo. Eu, meu pai, o Rony Gomes, vários amigos, ficávamos todos lá. E já viu, né? Se junta toda a galera só sai palhaçada, pipoca voando, pessoal falando alto. Era um momento de descontração.

Além do X-Games, quais outros títulos você já levou pra casa?

Já fui campeão mundial andando no Bowl [pista de concreto em forma de piscina] e que é bem importante. No começo do ano também venci o Bondi Bowl-A-Rama, um evento internacional de altíssimo nível lá na Austrália, e que é ‘responsa’, porque os maiores nomes do skate estão por lá. Foi uma das minhas primeiras competições como profissional.

Ainda fica nervoso antes de competir?

Ah, sim, com certeza! Não tem como você ficar confortável em uma situação dessa, antes “da sua vez”. Se você entra calmo ou confiante demais, já começou errado, você não tem o mesmo desempenho. O nervosismo é natural.

Quais são os seus ídolos no skate?

São muitos. O Léo Kakinho, que é o cara que praticamente me ensinou a andar de skate. O Marcelo Kosake também me ensinou muito. Tem o Lincoln Ueda, que acabei conhecendo na Califórnia e sempre que vou para os Estados Unidos ele me dá uma força, o Bob Burnquist... E meu pai, porque comecei a andar de skate junto com ele. Sempre que vamos fazer uma “sessão”, ele está junto com a gente.

Como faz para conciliar os estudos com os compromissos do esporte?

A minha sorte é que eu estudo em uma escola bem legal e que me ajuda bastante. Eu já conheço os professores e sempre que volto de viagem eles me passam os trabalhos e as provas que eu não fiz, então é como se eu não tivesse nem viajado.

Você arrisca em algum outro esporte, mesmo por curtição?

O skate já toma a maior parte do meu tempo, então profissionalmente não tem como competir ou me focar em outro esporte. Mas eu também gosto de surfar. Surfo bastante por diversão e por causa do meu pai, que também pratica o esporte, mas não levo a sério como o skate. E como a maioria dos meus amigos surfa, então às vezes acabo viajando com eles em busca das ondas mais perfeitas... Mas é só para tirar onda mesmo.

X da questão, Dia 14,Terça, 21h, Espn, 60

Nenhum comentário:

Postar um comentário