18 de agosto de 2011

Leve e solta

Revista Monet 96 - Março 2011

por Itaici Brunetti Perez




Com uma ideia simples, muita criatividade, liberdade e a ajuda de um velho amigo, Pitty uniu músicas de seu último álbum com imagens surreais e deu uma nova cara aos seus rocks

Desde que Priscila Novaes Leone deixou Salvador e veio se aventurar em São Paulo, muita coisa aconteceu. A menina roqueira cresceu e virou uma mulher cheia de tatuagens, casada, muito requisitada em participações de discos de outros artistas, com três álbuns e dois DVDs premiados e comercialmente bem-sucedidos na bagagem, e sempre rodeada pelos ótimos companheiros de banda (Duda, Martin e Joe). Seu mais recente trabalho audiovisual, o elogiado Chiaroscope, chega agora ao Canal Brasil como prova de seu amadurecimento artístico.
O curioso nome do documentário musical é uma referência ao título de seu último disco, Chiaroscuro (2009), que foi dado por Duda, o baterista da banda. “Durante uma viagem, ele viu um espetáculo de mesmo nome e ficou encantado com as luzes e todo o contraste. Estávamos no meio da gravação e achei meio simbólico essa palavra surgir, pois as músicas têm essa coisa do contraste. E o lance do vídeo chamar Chiaroscope veio do próprio diretor, o Ricardo Spencer. Ele sugeriu que, por ser uma filmagem sobre o disco, tem essa coisa do ‘scope’ que é uma mira que a galera da filmagem usa bastante”, explica a cantora.
Spencer, que é amigo da rapaziada da banda desde a adolescência, foi um olho invisível dentro da gravação. “A intimidade que existe entre o Ricardo e a banda fez com que a gente não se sentisse incomodado. Pelo contrário, nem lembrávamos que ele estava ali. Só depois que vimos as imagens é que lembramos o que tínhamos feito”, diz Pitty, que assim como os músicos se atreveu a pegar a câmera e registrar algumas cenas também. “Ninguém da banda tinha experiência em filmar e a graça era essa mesma. A intenção foi de parecer um home-video, igual àquela época em que as famílias tinham uma Super-8 e filmavam as festinhas de aniversário. As tomadas oficiais ficaram a cargo do Spencer, que é quem entende da coisa, mas as adicionais, que foram filmadas por nós, são bem caseiras mesmo.”
O documentário foi feito de forma não tradicional, sem entrevista, sem histórico da banda, e reúne todas as músicas do álbum e mais três inéditas, todas tocadas em uma apresentação intimista dentro do Estúdio Madeira, localizado na casa do baterista. “Fizemos um registro em que cada música se tornasse um clipe independente com um jeito diferente, como se cada faixa fosse o capítulo de um livro. Em ‘A Sombra’ o diretor teve a ideia de vestir a gente de coelho de pelúcia e filmar em slow motion. Já ‘Trapézio’, por exemplo, gosto muito, pois inventamos na hora uma ideia maluca. Dissemos: ‘Vamos ver se cabe todo mundo aqui dentro desse banheiro e fazer uma sequência”. E tem ‘Me Adora’, que simula uma filmagem antiga e traz a sensação de um dia bacana em sua vida”, conta Pitty.
Aproveitando o tempo livre para se dedicar ao projeto Agridoce, onde grava canções cruas e coloca na web (www.myspace.com/somagridoce), Pitty também espera pelos próximos compromissos da banda. A saber: uma turnê de divulgação de seu mais novo DVD, um show gravado no Circo Voador no final de 2010 e com lançamento previsto para o primeiro semestre.
Os experimentalismos visuais e roqueiros de Chiaroscope devem servir como aquecimento para esses shows, com o público junto, cantando a plenos pulmões, o que está por vir.

CHIAROSCOPE, dia 6, domingo, 21h, Canal Brasil, 66


Uma paraibana em ritmo de festa


Cantora aproveita o aniversário de 30 anos  de carreira e mostra ótima forma em show histórico

Trinta anos se dedicando aos maiores ritmos regionais brasileiros não é pouca coisa, e Elba Ramalho carrega este mérito com louvor. Para registrar esta data comemorativa, a nossa Tina Turner do Sertão levou sua voz de timbre inconfundível até o Centro Histórico do Recife e cantou para mais de 100 mil pessoas no show Elba Ramalho – Marco Zero Ao Vivo (dia 27, domingo, 21h, Canal Brasil, 66), uma outra atração inédita da Faixa Musical do Canal Brasil. Participando da produção geral em parceria com o saxofonista Cezinha, Elba escolheu o repertório a dedo: as conhecidas “Morena de Angola”, “De Volta pro Aconchego”, “Chão de Giz” e “Frevo Mulher” se misturam ao forró, baião e frevo comandados pela cantora, que, como bem sabemos, não para quieta em cima do palco. Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Chico César, Lenine e Alcione ainda dão o ar da graça e colocam a cereja no bolo.

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