18 de agosto de 2011

De vez em quando eles voltam

Revista Monet 89 - Agosto 2010

por Itaici Brunetti Perez




Assassinos clássicos como Michael Myers de Halloween – O Início são reciclados para fazer suas vítimas no século 21

Halloween (1978) que, depois de muitas sequências, tem seu passado desvendado em Halloween – O Início, que chega este mês à Rede Telecine.O músico e aspirante a diretor Rob Zombie (dos doentios A Casa dos 1000 Corpos e Rejeitados pelo Diabo) tomou o lugar que já foi de Carpenter e resolveu reviver o clássico, dando “uma nova cara” ao serial killer da máscara sem expressão. O ex-vocalista do White Zombie foi a fundo na história e procurou revelar os motivos que causaram todo o mal contido no coração do jovem garoto (depois adulto), que, em vez de exercer o famoso trick or treat (doces ou travessuras) no Dia das Bruxas, optou por assassinar seus amiguinhos de escola e a própria família. No embalo dos novos atos furiosos de Myers, lançados originalmente em 2007, vieram refilmagens ainda mais sanguinolentas de Sexta-Feira 13, Dia dos Namorados Macabro e A Hora do Pesadelo (o próprio Zombie encarou Halloween II, de 2009).
Pesquisadora de filmes de horror e professora em comunicação na Universidade Anhembi-Morumbi, em São Paulo, Laura Capena afirma que as refilmagens acontecem devido à renovação do público. “O jovem de hoje não aceita facilmente ver uma obra que foi feita duas ou três décadas atrás. Eles têm novas referências”, afirma. “Depois do sucesso de filmes como O Albergue (2005), começou a existir uma exigência maior de cenas explícitas. Então as refilmagens atuais procuram se adequar a este estilo. É como as histórias de Frankenstein e Drácula, que são adaptadas para cada época. Figuras como o Myers começam a se tornar tão importantes que acabam pedindo novas versões. O problema é que nem sempre os remakes agradam ao público, que espera que o atual surpreenda e seja mais interessante que o original.”
Pablo Villaça, editor do Cinema em Cena (www.cinemaemcena.com.br), diz que isso não passa de interesse comercial. “Hoje em dia, os estúdios estão cada vez mais conservadores, não se interessam por uma ideia original, e procuram material baseado em personagens já conhecidos, e tanto faz serem de videogames, quadrinhos ou de um livro famoso. Por isso a refilmagem é mais segura do ponto de vista de investimento. Claro que também se aproveitam do fator nostalgia, que, além do público jovem, leva ao cinema aquela geração que tinha medo do personagem na infância.” É aquela coisa: em banho de sangue que está ganhando não se mexe.

CLICHÊS - Outro dado que ajuda na aceitação do público é o clichê que o gênero carrega, opina Laura. “Segundo o livro Psycho Paths (2000), de Phillip Simpson, as histórias de contagem de cadáveres vêm de tradições antigas, em que o serial killer tem uma enorme variedade de representações”, cita. “Uma história que se repete muitas vezes é um dos primeiros embriões de narrativas que existem, e como esses casos de assassinatos são muito primitivos, sempre acabam interessando o ser humano.” Pablo complementa: “Por incrível que pareça, o público gosta de ver coisas previsíveis com as quais está familiarizado. Não é à toa que atualmente os trailers revelam cada vez mais sobre os filmes. É para o público ir ao cinema já sabendo o que vai encontrar. Comercialmente falando, o clichê é uma zona de conforto.”
Discussões sobre qualidade à parte, os remakes se tornaram a galinha dos ovos de ouro para alguns estúdios, pois, mesmo malhados pela crítica, têm bilheteria garantida nos cinemas e, claro, um público sedento de sangue. Que o digam as pobres vítimas de Michael Myers.


QUATRO DIAS DAS BRUXAS
Halloween se tornou uma das séries mais populares e rentáveis franquias do gênero de terror. Confira abaixo as visões de diferentes diretores sobre a saga, que já conta com 11 longas

HALLOWEEN (1978)
Filmado em apenas 21 dias e com orçamento baixíssimo, o longa foi criado pela mente inquieta do diretor John Carpenter, que criou o psicopata Michael Myers, ícone máximo dos slasher-movies.

HALLOWEEN III - A NOITE DAS BRUXAS (1982)
Nessa ficção científica, o diretor Tommy Lee Wallace optou por não continuar a saga de Myers e dá crédito a outro maníaco, que mata apenas criancinhas. Não deu muito resultado.

HALLOWEEN H2O – 20 ANOS DEPOIS (1998)
A atriz Jamie Lee Curtis, que interpretou a irmã de Myers no filme original, voltou à saga sob a direção de Steve Miner, que também comandou duas sequências de Sexta-Feira 13.

HALLOWEEN 3-D (2010)

O diretor Patrick Lussier, da refilmagem de Dia dos Namorados Macabro, assumiu o posto da franquia e ataca com tecnologia 3-D. O filme tem previsão de estreia ainda este ano, mas pode sofrer alterações.

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