18 de agosto de 2011

A dona dos curtas

Revista Monet 94 - Janeiro 2011

Por Itaici Brunetti Perez 

Foto Fernando Torquatto




Entre sua formação teatral em São Paulo e o atual sucesso televisivo, Bárbara Paz apresenta o programa Curta na Estrada, uma coleção muito bem costurada com as melhores produções nacionais do gênero

SEU ROSTO FICOU NACIONALMENTE CONHECIDO em 2001, após vencer a Casa dos Artistas, o primeiro reality show lançado no país. Mais recentemente, ganhou notoriedade por interpretar Renata, a personagem alcoólatra da novela global Viver a Vida. Agora, a sempre sorridente Bárbara Paz presta homenagem aos filmes de curta duração, formato que a ajudou no início da carreira: ela assina a curadoria, a direção e a apresentação dos 13 episódios do programa Curta na Estrada.
Vinda de Campo Bom (RS), Bárbara não teve uma história de vida lá muito fácil – viu o pai morrer aos 6 anos de idade, perdeu a mãe aos 17 e sofreu um grave acidente de carro que lhe deixou algumas cicatrizes como herança. Mas, ao chegar a São Paulo para estudar teatro, viu beleza em muitas coisas e os curtas estavam entre elas. “Fiquei um ano participando de curtas nas universidades USP, Faap e Anhembi-Morumbi. Todos os filmes que me convidavam para trabalhar eu topava. Pela experimentação de linguagem, por estar aprendendo a fazer cinema e também por saber que ali era uma nova etapa para todos”, relembra a gaúcha.
O programa que o Canal Brasil agora exibe começou como um projeto da própria atriz na época em que participava do Teatro dos Parlapatões, na paulistana Praça Roosevelt. Era chamado Curta na Praça e depois chegou ao canal com o nome de Curta São Paulo. “Nele, eu fazia a curadoria dos filmes paulistas de temas diversos e no final de cada programa era exibido um documentário de transeuntes assistindo a essas obras e deixando a sua opinião sobre o que viram e também sobre a cidade. Agora, vamos levar o programa para a estrada e abranger outros estados.”
Mas a moça não está sozinha nessa jornada. Em todos os episódios está acompanhada pelo codiretor e também ator Rafael Primot. Ela explica a parceria da seguinte maneira: “Somos amigos há 15 anos e já fizemos diversos filmes juntos. Somos de uma geração que nada impede a gente de criar. O cinema hoje nos facilita com várias possibilidades de se poder contar uma história, de se poder captar uma imagem”, conta. “Fazemos pequenos filmes em cima do tema escolhido para cada programa. Por exemplo, no episódio “I Love Sapatos”, o Rafael escreveu sobre este universo dos calçados para abrir o programa. E, claro, ao final continuamos com os depoimentos das pessoas nas ruas sobre os filmes exibidos.”
E Bárbara se viu mais uma vez no papel de curadora devido a sua intimidade com o formato. “Selecionei 25 filmes e fiz apresentações diferentes para cada um deles. Tem uns mais lindos que os outros. Câmera Viajante, de Joe Pimentel, é realmente uma obra-prima.”
Casada com o cineasta Hector Babenco e com planos de viajar com a peça teatral Hell para fora de São Paulo, a moça passou o mês de dezembro no Japão, gravando cenas de sua próxima novela, Morde e Assopra, já pensando em novidades para seu projeto pessoal. “Depois de finalizar o Curta na Estrada, já quero pensar nos próximos.” Quem ama o curta não o larga assim.

Curtas clássicos e brasileiros

Separamos aqui algumas produções que fizeram história no audiovisual nacional

A VELHA A FIAR

Em 1964, o diretor Humberto Mauro deu vida à canção popular que conta a história da velha, da mosca, da aranha, do rato, do gato...

FRANKENSTEIN PUNK

Cao Hamburguer e Eliana Fonseca são os pais dessa criatura que dança “Singin’ in the Rain” em stop-motion desde 1986.

DOV’È MENEGHETTI

A língua italianada dá o tom cômico do curta de Beto Brant de 1989 sobre Meneghetti, o ladrão de casas ricas mais famoso de São Paulo.

ILHA DAS FLORES

Documentário irônico sobre um lixão e como as coisas vão parar lá, e que mostrou de cara o poder narrativo do diretor Jorge Furtado, em 1989.

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