18 de agosto de 2011

Na ilha de fantasia

Revista Monet 98 - Maio 2011

por Itaici Brunetti Perez

ilustração Luciana Martins Perez




Um mergulho no estranho e mágico universo de Onde Vivem Os Monstros, best-seller infantil que virou filme

Dizem que as crianças são todas iguais, umas mais arteiras, outras mais quietas e por aí vai. Mas uma coisa é certa: Max Records, o personagem principal (vivido pelo ator com o o mesmo nome na vida real) de Onde Vivem os Monstros, tem uma característica que todas possuem – usar a imaginação para mergulhar em aventuras extraordinárias. E é com ela que o garotinho imperativo e mimado de apenas 9 anos de idade foge de casa após uma discussão com sua mãe por causa de uma malcriação, e rema até uma ilha onde encontra vários monstrengos grandalhões e ao mesmo tempo assustadores, mas que aparentemente são inofensivos e muito carentes de alegria e diversão, duas coisas que o garoto tem de sobra para dar.
O longa-metragem é uma adaptação do clássico livro infantil e homônimo do ilustrador Maurice Sendak (lançado originalmente nos Estados Unidos em 1963). Espertamente, o diretor Spike Jonze (dos cultuados Quero Ser John Malkovich e Adaptação) deu vida e muita personalidade aos personagens, transformando o livro, que possui apenas dez frases (exatamente 338 palavras distribuídas em 40 páginas), em uma fantasia audiovisual para todas as idades. Um filme repleto de muita balbúrdia, mas que no fundo trata de um sensível relacionamento de amor e amizade entre o pequenino e os monstrinhos, ou monstrões, no caso. Quando Max gritar: “Deixe a bagunça começar”, é hora de retroceder alguns anos e por algumas horas embarcar nesta aventura sem medo nenhum de ser feliz. A criança que vive dentro de você agradece. Dia 23, segunda, 21h, HBO, 71

Cada um do seu jeito
Os monstros de Max são fofinhos, não muito bonitinhos, ora felizes, ora tristes, e carregam uma delicadeza na personalidade que muitas vezes remete aos atos das crianças, mas também dos adultos. Conheça-os um pouquinho mais:

O complicado
Carol, o líder do grupo, se torna imediatamente o melhor amigo de Max. Tem a personalidade instável e sempre alterna momentos dóceis com furiosos. Seus companheiros de ilha sempre o tratam com muita cautela.

A sensata

Paixão de Carol, KW resolve se afastar do grupo por não concordar com suas brincadeiras e com a constante mudança de humor de seu líder. Carrega um sentimento materno que a faz se aproximar de Max.

O mais velho

Ira não tem autoestima alguma e está sempre pra baixo, mas consegue se divertir na companhia dos amigos. Especialista em cavar buracos em árvores, é o responsável pelo subterrâneo do forte que constroem.

A emburrada

Namoradinha de Ira, Judith é pessimista ao extremo. Está todo o tempo reclamando e gorando o que os outros fazem, é o baixo-astral em pessoa, ou melhor, em forma de monstro. Mas tem um ótimo coração.

O carente

É o menor e também o menos notado da turma e sofre por isso. Alexander está sempre querendo chamar a atenção, mas nunca tem êxito. Também é desconfiado com tudo ao seu redor.

O tranquilo

Quieto, calado e pouco falante. O Touro mete medo quando aparece, mas é outro que carece de atenção e amor. Se ele tem uma única fala durante a aventura toda, é muito.

O amigo

Douglas é o fiel escudeiro de Carol, tanto que o próprio já disse que se tivesse que levar algo para uma ilha deserta, seria ele. É tão fiel ao seu melhor amigo que daria um braço por ele. Literalmente.


Os monstrinhos e a cultura pop

Música animada
Karen O, a descolada líder do grupo norte-americano Yeah Yeah Yeahs, convocou algumas crianças e formou o “Karen O and The Kids” para executar a trilha  sonora do filme.  Resultado: belas melodias indies acompanhadas de vozes infantis deliciosamente desafinadas ao fundo.

O favorito do presidente
Que Barack Obama é um apaixonado por literatura, todos nós já sabemos. Mas, em uma leitura para crianças na Casa Branca, o atual presidente dos Estados Unidos revelou que Onde Vivem os Monstros é um de seus livros de cabeceira, ao lado de Moby Dick, de Herman Melville.

O primeiro de muitos
Podemos dizer que sem a obra literária de Sendak, a Pixar Animation Studios não existiria. John Lasseter, um dos fundadores da empresa, responsável pelos sucessos de Toy Story e Up , entre outros, se inspirou no livro dos monstrinhos e o transformou em teste para o que seria a primeira animação feita por computação gráfica.

Por trás das criaturas
A fama do livro (e do filme) concedeu ao seu autor um programa nos moldes de um documentário sobre sua vida. Converse com Elas: um Retrato de Maurice Sendak (dia 13, sexta, 15h45, HBO2) mostra a intimidade de sua personalidade complexa e atormentada. Dirigido pelo próprio Spike Jonze.

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