17 de agosto de 2011

Na trilha do sol nascente

Revista Monet 88 - Julho 2010

por Itaici Brunetti Perez

Foto Jefferson Dias



Para gravar a nova temporada do Urbano, a apresentadora se perdeu nas ruas de Tóquio e no estilo de vida da metrópole mais populosa e sofisticada do mundo

RENATA Simões já entrevistou muitas celebridades quando era repórter do Video Show (TV Globo), mas optou por trabalhar com o que mais gosta: música, arte, tecnologia e a diversidade cultural das grandes cidades. Para a terceira temporada do Urbano, o programa que comanda há quase quatro anos, Renata resolveu dar um passeio logo ali... em Tóquio(!). Já de volta, a apresentadora encontrou com a MONET no Pavilhão Japonês, no Parque do Ibirapuera, para adiantar um pouco da sua aventura.

O que mudou na Renata da época do Video Show até hoje, no Urbano?

Experiência. Com o tempo fui aprendendo a diversificar as atividades dentro desta profissão que escolhi que é o jornalismo. Também mudou um pouco o meu foco de interesse. Antes eu absorvia tudo sem saber direito o que mais gostava. Hoje em dia continuo assim, mas tenho um foco em cultura urbana, contemporânea e de internet. Adoro o termo lifestreaming, porque você foca na maneira que as pessoas vivem e transmitem este viver por meio de blogs e de redes sociais.

De onde veio a ideia de filmar em Tóquio?

Ir para Tóquio sempre foi um sonho da minha vida. Então acabei sugerindo a pauta, e, para minha surpresa, o diretor do Urbano adorou a ideia. No final, todo mundo foi se interessando e vislumbrando uma possibilidade de levar o programa para um outro patamar. Quando você visita algumas cidades do lado de cá do meridiano, como Nova York e Londres, elas têm algumas semelhanças com o nosso modo de vida. Em Tóquio, que fica do outro lado do mundo, eles já têm uma maneira diferente de ver as coisas. Eu mesma sou fascinada pela cultura japonesa. Por isso a Liberdade é um dos meus bairros favoritos em São Paulo.

Qual foi o conceito do programa? Ele foi mantido durante as filmagens?

Fomos para mostrar a experiência de como as pessoas vivem em Tóquio, como a cidade se organiza e o que eles estão produzindo de interessante. Por exemplo, você descobre que não consegue lidar muito bem com a máquina de lavar e secar roupa, mas que o jato de água quente do banheiro deles é ótimo para secá-las; é interessante. Ou mesmo comprar camisetas e sorvetes em máquinas na rua. O que se expandiu é que chegando lá as possibilidades quadruplicam. Tem muita coisa acontecendo e você começa a descobrir que tudo é pauta.

Existe muita diferença entre a vida corrida de São Paulo e a de Tóquio?

Um pouco, mas a velocidade em que vivemos em São Paulo me ajudou a não me assustar muito com o tempo deles. A primeira sensação que você tem quando desce no aeroporto de Tóquio é: “OK, estou em outro planeta!”. É quase um surto, pois eles têm três tipos de escrita – o kanji, o hiragana e o katakana – e você não consegue ler nenhum deles, além de ter muita gente na rua e andando muito rápido. Então atravessar uma calçada se torna uma aventura. Mas lá eles têm uma organização incrível e um senso de coletividade que a gente precisa aprender pra chegar a esse nível de metrópole.

Sabe-se que a banda larga de internet e a telefonia celular de Tóquio são as mais avançadas do mundo. Você sentiu alguma diferença quanto a isso?

Nossa, como sinto saudade da banda larga de Tóquio [risos]. As pessoas têm acesso (não gratuito) à internet em qualquer lugar. No metrô, todo mundo está com o seu celular jogando on-line, vendo TV, passando mensagens, etc. Nas próprias lojas de equipamentos eletrônicos, eles têm promoções que, ao assinar o pacote de dados – e olha que eles já estão no 4G –, o cliente leva um laptop por um valor pífio, quase zero. As pessoas têm que entender que acesso à tecnologia e à informação em breve será um bem tão importante quanto a água e o esgoto. Se a gente não começar a se preocupar com isso agora, daqui a dez anos não vamos conseguir ser a grande cidade do mundo como estamos falando, o grande país que pretendemos. Porque não vamos ter acesso às informações com a mesma velocidade que o mundo vai ter. Então estaremos atrasados, literalmente.

Chegou a ver algum aparelho eletrônico que pode vir a se tornar tendência entre os brasileiros antenados?

Uma coisa que é tendência lá e que na verdade já começou a acontecer por aqui é o uso dos headphones grandes, que nem nos anos 1980, sabe?

Qual é o próximo passo do Urbano? Pretende filmar em outras cidades brasileiras e do mundo?

Olha, estou torcendo para que agora venha um Urbano Xangai, Londres ou Berlim. No Brasil, Recife seria uma boa. Belém e Porto Alegre também são cidades que renderiam bons programas. Nós temos um país muito grande e ainda pouco explorado.
 
 
 
 
 

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