18 de agosto de 2011

Pensador do YouTube

Revista Monet 93 - Dezembro 2010

por Itaici Brunetti Perez




Ele surgiu como um furacão na internet após demolir fenômenos adolescentes com vídeos implacáveis. E agora Felipe Neto chega àTV para entender o sentido das coisas
Felipe Neto despertou a ira de milhares de fãs da banda adolescente Restart quando resolveu dar seu “parecer” sobre a nova onda musical brasileira (e colorida) nos vídeos que posta regularmente em “Não Faz Sentido!”, seu canal na internet (www.felipeneto.com).  Na sequência vieram os ataques diretos contra a saga Crepúsculo, zoações com os músicos Justin Bieber e Fiuk (filho do cantor Fábio Jr.), e pronto, a legião de fãs que odeiam e amam o blogueiro carioca estava feita. Com mais de 840 mil seguidores em seu Twitter oficial, o rapaz – que também é ator – leva seu personagem e as ideias iniciadas na internet para a TV em sua nova empreitada Será que Faz Sentido?, no Multishow. Só assistindo mesmo para saber qual (ou quem) será o próximo alvo.

Qual é a ligação de Será Que Faz Sentido? com o seu canal de internet?


É como se fosse uma continuação do que eu sou na internet, e por isso a referência no nome. O seriado é a dramaturgia do Felipe saindo da rede e agora tentando ter o próprio programa de televisão. É uma comédia de situações, uma série despretensiosa onde o Felipe passará por várias roubadas e será colocado em muitas situações constrangedoras, que ele não vai saber como lidar ou ter o que falar, mas terá que se virar. É um universo completamente novo na vida do Felipe.

O quanto a internet é importante para você e também para os atores da atualidade?

Bom, sou apaixonado por teatro desde os 12 anos e estudei até os 18 [Felipe Neto tem 22]. Sempre tive essa vontade de explorar esse meu lado e poder viver em função disso, e a internet criou a possibilidade de poder exibir o meu trabalho. Isso não é só para mim, serve para qualquer pessoa ou artista do mundo. Hoje, você descobre muitos talentos e comediantes pela tela do seu computador. Agora que estou começando na televisão, é uma coisa totalmente nova pra mim como ator. Ainda estou aprendendo a lidar com isso.

Como nascem os assuntos dos vídeos?

Para mim, a inspiração nasce de uma conversa, de navegar na web, de sair na rua, etc. Vou andando, observando e conversando. Vou buscando assuntos no cotidiano, da vivência mesmo. Tudo o que você vê nos meus vídeos nasce do nada.

Você ganhou uma notoriedade quando falou mal de alguns artistas. Foi isso que o ajudou a se destacar, não é?

Na verdade, essa impressão foi causada mais no início. Tenho 24 vídeos no total e em apenas quatro deles, nos quais falei sobre ídolos adolescentes e fenômenos pop atuais, pegou mal com os simpatizantes e fãs destes segmentos. Já nos outros vídeos comento sobre aspectos da nossa vida, como os playboys que vão nas baladas só para dar porrada, pessoas que escrevem errado, política e vários outros assuntos. Certamente não existe um caminho ou uma fórmula para ganhar fama, falar mal ou bem de algo. O que é mais provável que você consiga fazer, e que as pessoas se identifiquem, é o que você trata como verdade. Elas veem você falando sobre isso e sobre aquilo e acreditam no que você está passando. O fundamental é não ficar buscando assuntos para fazer sucesso ou com o objetivo de ter sucesso. Faço isso, levo até as pessoas o que eu acredito.

Já te confundiram com o personagem dos vídeos? E sofreu algum tipo de hostilidade por causa disso?

Antes acontecia bastante de o pessoal confundir as bolas. Hoje nem tanto. Atualmente, as pessoas são mais informadas pelos veículos de comunicação, veem minhas entrevistas, então elas já conseguiram criar essa diferenciação – acredito e espero [risos] isso. Mas por algum tempo rolou essa confusão de acharem que sou daquele jeito. Ainda acontece, mas é pouco. Tento me esforçar e mostrar para as pessoas que aquilo é só um trabalho e acho que estou conseguindo: hoje em dia, essa questão é bem difícil de acontecer. Sobre a hostilidade, na vida real, não chegou a rolar, ainda bem! As pessoas que chegam vêm falar normalmente e tenho uma boa relação com elas. Mas na internet, sim, é direto. Recebo muitos xingamentos e também elogios. É um extremo dos dois lados, que vai desde o “Eu te odeio” até o “Eu te amo”.

Há algo que você não ousaria criticar?

Ah, muitas coisas. Sou muito fã das bandas U2, System of a Down, The Corrs e algumas outras. E também do cinema nacional, que vem crescendo a cada dia. Então, acho muito difícil falar mal dessas coisas que admiro. Mas as minhas críticas são em função do comportamento e não do ídolo em si. Não critico o ser humano que está ali, e sim as atitudes dele, a questão que envolve a arte dele. Não é como simplesmente apontar o dedo na cara da pessoa e falar “Você é isso, você é aquilo”. Tem toda uma questão de postura ali, de comportamento.

Será que faz sentido?,   Dia 11, sábado, 22h45, Multishow, 42

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